São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994 |
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Serginho corrige falhas 2 vezes no treino
FLAVIO GOMES
Em uma hora, ele corrigiu falhas no time titular duas vezes. "Repete", disse a Paulinho Kobayashi, que cobrou mal um escanteio. "Vâmo, vâmo", resmungou com Macedo, que perdeu uma jogada para um dos reservas. Vestido de jogador, com chuteira, calção, camiseta e colete vermelho, Serginho só poderia ser identificado como técnico pelo apito pendurado no pescoço e pelo boné preto que tirou na hora de gravar uma entrevista para a TV. Na saída para os vestiários, Chulapa foi o único "atleta" do Santos requisitado pelos poucos torcedores junto ao alambrado para dar autógrafos. Atendeu ainda uma estudante de Educação Física da USP e combinou um jogo de veteranos com um amigo. Depois, Serginho falou à Folha. Revelou que está gostando da idéia de ser técnico, profissão na qual caiu por acaso, e disse que não dá a mínima bola para o que seus jogadores fazem fora de campo: "A vida é deles". Folha - O fato de o Corinthians vir de três derrotas pode ajudar o Santos no domingo? Serginho - Não, clássico é clássico. Folha - O time com você cresceu muito, saiu das últimas colocações para o atual quinto lugar. É possível dizer que se você fosse o técnico desde o início o Santos poderia brigar pelo título? Serginho - O time vinha jogando bem, mas não vinha ganhando. Eu entrei, dei sorte e o time começou a ganhar. Folha - Só sorte? Serginho - Sorte não. É trabalho mesmo. Se não for trabalho, eu estou morto. Folha - Você pensava que iria virar técnico tão rápido, depois de ser contratado como auxiliar do Pepe? Serginho - Não tão rápido não. Folha - E isso te surpreendeu? Serginho - Sim, pela situação em que se encontrava o Santos. Mas eu já assimilei. Folha - Você já trabalhou com todos os tipos de técnicos. Para um jogador é melhor ser dirigido por alguém que também já jogou? Serginho - Depende. Tem treinador que é bom e não foi jogador. No meu caso eu já estou no meio, convivi bastante e isso facilita. Folha - Qual foi o melhor técnico com quem você trabalhou? Serginho - Telê, Minelli e Pepe. Eu destacaria esses aí. Folha - Você pretende continuar a ser técnico na vida? Serginho - É, provavelmente. Sei lá, é muito difícil você prever. De repente aconteceu, vamos levando o barco até onde der. Eu já assimilei bem a condição de treinador e se tiver que continuar, continuo. Se tiver que parar, paro. Folha - Imagine a seguinte situação: um jogador seu dá um pontapé num bandeirinha e é suspenso por um ano. Qual seria sua atitude em relação a ele? Serginho - Eu o defenderia, com certeza. Faria o possível para ajudá-lo. Claro que como treinador eu os oriento para ter um comportamento no campo o mais tranquilo possível. Folha - E fora do campo, se importa com o que eles fazem? Serginho - Eu não vou atrás de ninguém, não sou pai de ninguém. Simplesmente os oriento. Lá fora a vida é deles. Mas dentro de campo tem que corresponder. Texto Anterior: Equipe quer devolver a goleada do 1 turno Próximo Texto: São Paulo tem maior desafio no interior Índice |
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