São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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Políciais se unem na investigação

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Políciaias se unem na investigação
A Polícia Federal e as Corregedorias de Polícia Civil, do Rio e de São Paulo, já estabeleceram, reservadamente, linhas de investigação que tentam ligar os bicheiros ao narcotráfico. A Folha teve acesso a algumas dessas diretrizes.
A Corregedoria de Polícia Civil de São Paulo solicitou informações à Polícia Civil carioca sobre as possíveis ligações que o banqueiro Raul Capitão manteria com o contraventor paulista Waltemir Spinelli de Oliveira, o "Bolão".
O delegado federal Galileu Pinheiro, da Polícia Federal de Brasília, também passou a semana investigando, no Rio de Janeiro, a suposta ligação dos bicheiros com o narcotráfico.
O delegado supõe que os bicheiros usariam as propriedades que mantém, em vários Estados brasileiros, como entrepostos no tráfico de drogas.
As corregedorias suspeitam que bicheiros como Spinelli e Anísio Abrahão Davi mantêm fazendas em Goiás e no Amazonas.
Os 34 peritos da PF procuram evidências que mostrariam movimentação de caixa nos Estados onde os banqueiros supostamente mantêm essas propriedades.
Essas evidências são procuradas nos pacotes de documentos e disquetes, encontrados pela Procuradoria Geral de Justiça do Rio nos escritórios do bicheiro Castor de Andrade.
Por enquanto, as investigações convergem a "Bolão" Spinelli e o clã de Raul Capitão. Os dois são apontados, nas investigações policiais de São Paulo e do Rio de Janeiro, como defensores da idéia de que pessoas ligadas ao tráfico poderiam ser admitidas entre funcionários do bicho.
Waltemir, que esteve preso em São Paulo por três dias, na semana passada, disse a Ruy Mello, delegado-corregedor, que é inocente dessas acusações. "Sou um empresário afastado do jogo há muito tempo", afirmou.
Waltemir comanda 30% do jogo em São Paulo. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, quatro líderes morreram em virtude da contenda pela admissão ou não de traficantes nas fileiras dos gerentes de apostas.
Os mortos foram os bicheiros paulistas Valter Spinelli, o "Marechal", e Adilson Ribeiro da Silva, e os cariocas Ismael Veríssimo e Marco Aurélio Mello –filho de Raul Capitão.
Os bicheiros feridos nessa guerra, pela introdução da cocaína nos "chalés" de apostas, foram os cariocas Paulo Stanislaw, Roberto Silva e o paulista Carlos Parisi.
Carlos é filho de Alfredo Parisi. É o 3º maior bicheiro de São Paulo e é contra a presença das drogas nos pontos de apostas.

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