São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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Tudo que você viver agora servirá de experiência

ROSELY SAYÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Tenho 17 anos e há uns meses atrás comecei a sentir uma fortíssima atração por uma ex-professora minha que é homossexual. Tivemos um caso e no dia seguinte me senti horrível, com nojo de mim mesma. Ela voltou a me procurar várias vezes, mas eu não quis saber de mais nada. Preciso conversar com alguém sobre isso, que está me sufocando. Se conto para meus pais, eles me expulsam de casa. Se conto para minhas amigas, elas não vão mais querer minha amizade. Por favor, me ajude pois não quero ser lésbica, quero ser uma garota normal."

Calma gatinha, as coisas podem não ser tão ruins como estão parecendo agora para você. Sabe, as mulheres homossexuais são normais, como você e qualquer outra. Elas apenas têm o tesão diferente da maioria das pessoas: em vez de atração surgir por uma pessoa do sexo diferente, no caso um homem, surge por uma do mesmo sexo que ela, outra mulher.
O que aconteceu com você pode ser ou não sinal de que seu tesão seja homossexual. Sabe, em sua idade muitas coisas podem acontecer sem que isso signifique que sejam definitivas. A curiosidade sexual é uma das características da moçada nessa fase da vida. A impulsividade, o gosto pelo proibido, a vontade de experimentar coisas novas e diferentes também. E numa dessas, pode acontecer isso que aconteceu com você: agir em vez de apenas pensar, sonhar ou fantasiar.
O "day after" foi mesmo barra pesada, não é verdade? Pode ser culpa, arrependimento, e tudo junto, mais a frustração de ter feito uma coisa que não agradou você. Dê um tempo para sua cabeça, ok? Faça com que essa experiência se torne uma coisa positiva em sua vida.
Veja quantas lições você pode tirar dela: só agir quando puder assumir o dia seguinte; homossexualidade não é doença; nem tudo o que se passa em sua vida sexual nessa fase vai se consolidar dessa forma. Viu só como as coisas podem mudar se olhadas de outra maneira?
Agora, uma coisa: não se envolva mais com pessoas mais velhas que você, e ainda mais com certa ascendência, como uma ex-professora, por exemplo. Fique com sua turma e sua ex-professora que fique com pessoas da geração dela. Mais tarde pode ser que uma diferença de idade não pese tanto, mas agora faz uma grande diferença, sim. Se for preciso, procure um psicólogo para conversar sobre o assunto.

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