São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Censura vetou cenas de campo de concentração

MARCO CHIARETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em abril de 1945, os soldados britânicos que avançavam na Alemanha, encontraram um campo de concentração com parte dos prisioneiros ainda vivos, em Bergen-Belsen.
Um oficial britânico decidiu produzir um documentário sobre o que viu: dezenas de milhares de corpos, pessoas mortas de fome ou doença, que há dias não comiam nem bebiam nada.
Os soldados aliados obrigaram os guardas nazistas a enterrar os mortos. Filmaram tudo. Documentaram a expressão dos funcionários da cidade próxima e dos sobreviventes.
Sidney Bernstein, o diretor, queria que os alemães vissem seu filme. Reuniu documentários produzidos pelos russos e pelos norte-americanos em outros campos: Auschwitz, Mauthausen, Buchenwald. Da equipe de produção do documentário participou o cineasta Alfred Hitchcock.
A preocupação principal era com a credibilidade. As cenas vistas pareciam –e parecem– tão incríveis, que Bernstein e sua equipe sabiam que quem os visse só acreditaria no que estava vendo se não houvesse nenhuma dúvida.
O filme foi exibido na Alemanha logo depois da guerra, mas acabou censurado pelos próprios comandantes aliados.
As autoridades de ocupação estavam mais interessadas em governar os alemães do que em fazê-los ver o crime que os nazistas, com sua anuência ou silêncio, haviam praticado.
O documentário deixou de ser mostrado e só foi visto de novo quarenta anos depois, quando a TV britânica montou um especial com as cenas de 1945 e depoimentos de vários dos envolvidos.

Texto Anterior: Cultura mostra holocausto e ditaduras
Próximo Texto: CD 'Dorival' sai na sexta-feira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.