São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994 |
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Revolução dos Cravos faz 20 anos
JAIR RATTNER
Orquestrado por um grupo de cerca de 200 capitães e majores, o movimento do 25 de abril tinha um programa de três pontos: democratização, descolonização e desenvolvimento. Ao saber que os militares pretendiam a democracia e o fim da guerra colonial, os portugueses começaram a dar cravos aos soldados, que os colocavam na ponta dos seus fuzis -daí o nome Revolução dos Cravos. No processo que seguiu à derrubada da ditadura, o poder caiu na rua. Decisões governamentais eram ultrapassadas pela força de manifestações. Em plena era Brejnev, Portugal chegou a ser o único país da Europa Ocidental com um primeiro-ministro que se submetia às diretrizes do Partido Comunista. A principal razão para a queda do regime, derrubado pelo seu principal sustentáculo –o Exército-, foi a guerra colonial. Durante 13 anos, os soldados portugueses combateram os movimentos de libertação nas colônias do país e não havia perspectivas para o fim da guerra. Em 1974, quem ocupava o cargo de primeiro-ministro era Marcello Caetano. Antônio de Oliveira Salazar, que dirigiu o país desde 1926, sofrera colapso em 1968. O colapso do ditador Salazar ocorreu por um motivo proverbial –ele caiu da cadeira. Morreu dois anos depois. Fim do império Para as ex-colônias portuguesas, o fim do império colonial não conseguiu trazer nem a paz nem o desenvolvimento. Grande parte dos portugueses que se encontravam radicados nos "territórios ultramarinos", com medo das nacionalizações e da guerra civil, voltou para Portugal. Os novos países ficaram sem quadros para empresas e governo. O pior caso foi o de Timor Leste. Para que não surgisse um país com governo de esquerda, a Indonésia invadiu o território assim que foi decidida a independência. Desde esse movimento, Timor Leste vive um genocídio em que um terço dos seus 600 mil habitantes foi morto pelo invasor. Em Angola, a guerra civil seguiu-se à independência. Dos três movimentos políticos –com raízes étnicas– permaneceram no terreno apenas dois: a Unita e o MPLA, que ocupa o governo. Angola vive hoje a pior guerra do mundo, com relatos de mil mortes por dia, a maioria de fome. Em Moçambique, a guerra civil começou apenas no final de década de 70, em grande parte impulsionada pela África do Sul. Hoje, o país espera que se realizem as primeiras eleições livres. O paradisíaco arquipélago de São Tomé e Príncipe (oeste da África) enfrenta falta de recursos humanos e de capital para desenvolver o que pode ser a sua principal indústria –o turismo. Próximo Texto: Nacionalizações são revertidas Índice |
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