São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Artistas protestam contra rua 24h

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ambientalistas, artistas plásticos e usuários do Ibirapuera (zona sul) fazem amanhã um protesto contra a instalação de uma rua 24 horas no parque.
A prefeitura estuda a construção, dentro do Viveiro Manequinho Lopes, de 16 bancas de jornais, flores e frutas, oito fast-foods, dois restaurantes e 20 boxes para lojas de conveniência. O local ficará aberto ininterruptamente.
O viveiro Manequinho Lopes, que ocupa uma parte do Ibirapuera, abastece de mudas todos os parques de São Paulo.
O protesto dos ambientalistas está previsto para começar às 10h30 e terminar às 14h.
Aldemir Martins, Newton Mesquita e Gustavo Rosa, entre outros artistas plásticos, pintarão um painel coletivo que será vendido e servirá para financiar a campanha contra o comércio 24 horas no Ibirapuera. O slogan da campanha é "Passarinho Também Dorme".
Winegardner, que mora na Patagônia –onde mantém uma reserva ecológica privada na fazenda da família–, afirma "que não é possível que se faça uma coisa dessas com a principal área verde da maior cidade brasileira".
Para dar caráter internacional ao movimento, a pintora entrou em contato com a organização Megacities –uma espécie de banco de dados de soluções urbanísticas das 23 maiores cidades do mundo– e pediu que urbanistas de outros países questionassem a conveniência da implantação do projeto.
"Funciona melhor quando organizações internacionais pressionam. Os governos locais não gostam de ficar mal perante o resto do mundo", disse Winegardner.
A campanha "Passarinho Também Dorme" pretende coletar 50 mil assinaturas contra o comércio 24 horas e dar entrada na Justiça em uma ação popular para impedir a construção das lojas no parque.
Como alternativa à rua 24 horas, os ambientalistas propõem a criação de um espaço permamente de vivência ecológica, onde artistas plásticos e grupos de teatro manteriam atividades voltadas à educação ambiental.
Para o vereador Roberto Trípoli (PV), que também organiza o protesto, "o shopping pode comprometer o viveiro Manequinho Lopes, a fauna do parque e exercer forte impacto ambiental na região, trazendo barulho e poluição".
A implantação da rua 24 horas depende de autorização do Condephaat (órgão que cuida do patrimônio histórico estadual), uma vez que o parque é tombado.
A prefeitura ainda não encaminhou o projeto para o Condephaat, mas no órgão, segundo sua assessoria de imprensa, dois processos contrários à implantação do shopping já foram protocolados.
A campanha "Passarinho Também Dorme" vai promover uma passeata de bicicletas no mês que vem –a data ainda não foi confirmada–, também como forma de protesto contra a rua 24 horas.

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