São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Norte da Itália tem novo endereço na cidade

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No ramo dos restaurantes, a história do engenheiro que virou suco se repete toda hora. No caso do recém-inaugurado Vecchio Torino, com uma variação; trata-se de um empresário que virou sugo.
Há engenheiros e engenheiros que viram suco. Alguns são movidos menos pela crise econômica e mais pela paixão. Parece ser o caso do italiano Giuseppe La Rosa, 52. O Vecchio Torino foi aberto há menos de dois meses em Pinheiros, numa casa simpaticamente adaptada para as novas funções. O serviço ainda é titubeante, mas atencioso (a filha da proprietária, Vania, coloca os talheres à mesa na posição invertida, mas com um sorriso encantador).
Na tarefa de atender a clientela, revezam-se Giuseppe e sua mulher Maria Manuela, portuguesa dos Açores (eles se conheceram no Brasil), além da filha dela. Giuseppe fica mais tempo na cozinha (que é aberta para a sala), onde comanda a brigada que executa suas receitas. Manuela também põe a mão na massa –ela é responsável pelos pães e pelas sobremesas.
No Brasil há 19 anos e há muito apaixonado pela cozinha (seus familiares têm restaurantes na Itália), Giuseppe pensou inicialmente em fazer um restaurante somente com pratos de sua cidade, Turim. Terminou optando por um cardápio mais prudente, mais familiar aos brasileiros, composto basicamente de pratos do Norte da Itália, mas com algumas incursões pelos tomates do Sul.
Os pratos simples são saborosos e preparados com leveza. Os gnocchi de batata ou ricota, por exemplo, são servidos com um molho de queijos que em nada lembra os pesados cremes habitualmente servidos nos restaurantes da cidade. Os vermicelli (massa importada) com molho de tomate fresco têm a mesma delicadeza de massas frescas, como os casonsei com recheio de carnes (servidos, infelizmente, em pouquíssima manteiga e sálvia: o molho acaba antes da massa). As massas, com seus molhos delicados e recheio saborosos, têm um grande desempenho.
Na entrada, é curioso o carpaccio piemontês, na verdade bem diferente do carpaccio criado em Veneza. Ele aproxima-se mais de um steak tartar, com a carne corretamente picada na faca e bem temperada.

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