São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Berlusconi é indicado o novo premiê da Itália

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O magnata das comunicações Silvio Berlusconi, 57, foi indicado ontem como novo primeiro-ministro da Itália.
Em discurso feito após a reunião com o presidente italiano, Oscar Luigi Scalfaro, o empresário prometeu renovar o país e dar novo impulso à economia.
Ele também prometeu reformar o sistema de impostos reduzir o déficit público e combater desemprego e crime organizado.
Berlusconi entrou para a política há apenas três meses, com a formação da agremiação de direita Forza Italia.
Encabeçou a Aliança da Liberdade, coligação direitista com os federalistas da Liga Norte e os neofascistas do Movimento Social Italiano (MSI).
Nas eleições de março, a aliança obteve a maioria na câmara baixa do Parlamento.
O empresário é dono do terceiro maior grupo empresarial privado do país, o Fininvest, que lucra cerca de US$ 7 bilhões anuais. Em 26 de janeiro, se desligou.
Seus negócios envolvem três redes nacionais de TV, empresas de publicidade, editoras e o time de futebol Milan, tricampeão italiano.
Em resposta a temores de que haveria conflitos entre seus interesses empresariais sobre o cargo de premiê, o magnata disse: "É meu desejo oferecer as mais amplas garantias. E as melhores são compromisso, paixão cívica e o desinteresse pessoal que eu trago para formar o novo governo".
"Berlusca", como também é conhecido na Itália, afirmou que vai indicar três juristas para propor mudanças na legislação antitruste e de comunicações.
O bloco de parlamentares de apoio ao governo será o primeiro sem a presença dos democratas cristãos desde a Segunda Guerra Mundial.
Eles foram os mais atingidos pelo escândalo de corrupção "Tangentopoli" (literalmente, "cidade da propina") e pelas investigações da Operação Maos Limpas.
"Os italianos pediram um novo estilo de política. Não pretendo desapontá-los", afirmou.
O gabinete de Berlusconi deve começar a ser formado na segunda-feira. Calcula-se que no meio de maio o governo tenha recebido votos de confiança nas duas casas do Parlamento.
O programa liberal do empresário prevê reduçãoes de impostos para empresas que criarem empregos e investirem em produção.
As disputas entre a Liga –que prega mais poderes regionais–, e o MSI –contrário a esta idéia– devem criar problemas para a divisão de cargos, especialmente o Ministério do Interior.
Ontem, o partido de centro Pacto pela Itália, do ex-democrata cristão Mario Segni, perdeu 4 de seus 13 deputados. Eles formaram um grupo independente por causa da recusa de Segni em cooperar com Berlusconi no Parlamento.

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