São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Bornhausen é um dos mais cotados para vice

TALES FARIA E GABRIELA WOLTHERS

TALES FARIAGABRIELA WOLTHERSDa Sucursal de Brasília
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e o deputado Benito Gama (PFL-BA) se tornaram os dois nomes mais cotados para vice na chapa do senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) à sucessão presidencial.
Durante encontro ontem no Rio, FHC e o ex-governador baiano Antônio Carlos Magalhães deram como descartada a hipótese de Luís Eduardo Magalhães aceitar a vaga. ACM é pai de Luís Eduardo e o principal cacique do PFL.
Apesar de Bornhausen ainda insitir que Luís Eduardo "tem de aceitar a missão do partido", o próprio deputado anunciou ontem que sua decisão é irreversível.
Bornhausen se tornou um dos mais cotados para a vaga a partir do encontro que FHC e e Luís Eduardo tiveram na quarta-feira.
No encontro o deputado disse ao virtual candidato da aliança PSDB-PFL-PTB que não aceitaria a vaga de vice.
FHC mostrou simpatia pelos seguintes nomes alternativos dentro do PFL: Bornhausen, o deputado Roberto Magalhães (PE), que presidiu a CPI do Orçamento, o ex-governador de Santa Catarina Vilson Kleinubing, o deputado Gustavo Krause (PE), ex-ministro da Fazenda, e o senador Guilherme Palmeira (AL).
Dessa lista, Luís Eduardo e FHC concluíram que Bornhausen seria o nome com maior capacidade de unir o PFL.
O problema é que Bornhausen nem aceita discutir a idéia. "Sequer trato desse assunto." É aí que surge a hipótese Benito Gama.
Ele não seria o nome predileto de ACM, contra quem se rebelou votando a favor do impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
Mas Luís Eduardo –que por não ter aceitado o convite para vice sente dificuldade em insistir com Bornhausen para que aceite– se dispõe a convencer ACM a acatar a indicação de Benito.
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, foi alvo das principais críticas que ACM fez à atuação dos tucanos na articulação da aliança eleitoral, durante o encontro de ontem com FHC.
O ex-governador da Bahia responsabilizou Tasso pelo fato de Luís Eduardo estar irredutível na decisão de não aceitar a vaga.
ACM atribui ao presidente do PSDB o vazamento da informação de que o pré-candidato do PMDB Orestes Quércia estaria preparando um filmete de campanha reproduzindo o voto de Luís Eduardo contra o impeachment de Collor.
Luís Eduardo ficou tão irritado que procurou Bornhausen e disse que não iria aceitar ser vice "só para não ter que ficar cumprindo agenda de campanha preparada por esse sujeito".
A irritação de Luís Eduardo aumentou com as críticas dos tucanos ao fato de ele ter trabalhado contra a cassação do ex-líder do PFL Ricardo Fiuza.
Mas na verdade, a motivação política de Luís Eduardo para não ter aceitado é que ele pretende concorrer à reeleição para tentar presidir a Câmara no ano que vem.
Ele avalia que uma eventual Vice-Presidência não contribuiria para seu projeto de se tornar futuramente governador da Bahia.
O eventual governo FHC teria dificuldade de apoiar sua candidatura ao governo, com o PSDB local em franca guerra contra ACM.

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