São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Catolicismo quer retomar papel de protagonista

JUAN ARIAS
DO EL PAÍS

O papa João Paulo 2º já está preparando a Igreja Católica para celebrar a grande missão do final do século, na tentativa de recuperar o papel protagonista do catolicismo, que se vê acossado.
A igreja enfrenta a expansão do islamismo, cujos adeptos podem vir a superar os cristãos, no próximo século; a virulência das seitas, sobretudo em países como os da América Latina e África; o interesse, inclusive por parte de muitos católicos, pelas chamadas "religiões doces", desde o budismo ao sufismo, chegando até às velhas religiões animistas.
Também encara a secularização das sociedades ocidentais, que no melhor dos casos se sentem atraídas por uma religião sem Deus ou por uma espiritualidade sem religião.
Sem sair do planeta cristão, o papa João Paulo 2º está encontrando mais problemas do que os que apareciam à primeira vista em seu caminho do "ecumenismo".
Desde a queda do comunismo a Igreja Ortodoxa vem lutando para não perder o espaço conquistado durante o período soviético.
Enquanto isso, as Igrejas protestantes se dividem –começando pela anglicana, mais próxima à católica– entre as que desejam um diálogo com os católicos e as que recrudescem velhos antagonismos.
Desde sua torre de vigia no Vaticano, João Paulo 2º vem percebendo muito bem que a influência de sua Igreja está diminuindo na sociedade moderna que se aproxima do século 20.
E sua estratégia tem sido a de fomentar um ecumenismo cristão –busca da unidade entre todos os seguidores de Jesus Cristo– para reforçar uma "única Igreja de Cristo", frente ao perigo do fundamentalismo islâmico.
Mas, por enquanto, a meta da unidade dos cristãos continua sendo uma utopia. Os acontecimentos mais recentes na Igreja anglicana, diante de sua decisão de ordenar mulheres sacerdotes, agravaram ainda mais as coisas.
Tradução de Clara Allain

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