São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
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Crédito será limitado para conter consumo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, pretende concentrar as medidas de inibição do consumo sobre o crédito para a pessoa física, durante os primeiros meses de existência do real.
As principais propostas em estudo pela Fazenda são restrições aos empréstimos bancários para pessoa física e limitações ao financiamento de compras realizadas mediante cartão de crédito.
A restrição do crédito sobre a pessoa jurídica (as empresas) não tem o consenso da Fazenda.
Alguns assessores do ministro Ricupero temem que isso poderia provocar desabastecimento de bens, além de ser um mecanismo de difícil administração.
Atualmente, o consumidor pode financiar 75% do valor das compras feitas pelo cartão de crédito, pagando apenas 25% à vista.
O Banco Central analisa reduzir a parcela que pode ser financiada, elevando o valor do pagamento à vista, mecanismo que já foi usado em programas de estabilização anteriores para segurar a ida do consumidor às compras.
A assessoria de Ricupero vai conter o consumo com o objetivo de evitar o risco de volta da inflação com a introdução da nova moeda.
A Fazenda argumenta que o lançamento do real, acompanhado do congelamento do câmbio por cerca de três meses, resultará numa inflação abaixo de 5% ao mês, contra índices atuais na casa dos 45% mensais.
Taxas baixas de inflação aumentam o poder de compra dos salários, a exemplo do que ocorreu durante o Plano Cruzado, em 86, no governo Sarney.
Além disso, taxas baixas também aumentam o volume de dinheiro em circulação na economia, porque não existe a necessidade de fazer aplicações financeiras para protegê-lo da corrosão inflacionária.
Atualmente, com inflação alta, o dinheiro não fica no bolso do consumidor nem na conta corrente. Ou é gasto na hora ou vai para uma aplicação financeira de resgate imediato, como o fundão.
Para a equipe, a combinação de aumento do poder de compra dos salários com a expansão do dinheiro em circulação na economia pode gerar mais inflação, mediante o aumento do consumo.
(Sônia Mossri/Gustavo Patu)

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