São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994 |
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Senna deu banho de tudo que foi jeito
BARBARA GANCIA
Esse não foi o único aperto que o danado do Senna me fez passar naquele verão europeu. Meses depois, eu me encontrava com a amiga a quem chamo aqui de Bucicleide, a bordo de um trem no sul da França, quando me dei conta de que havia sido dada a largada do GP da França. Descemos na primeira estação, Juan Les Pins, e fomos –de mala a tiracolo– ao boteco mais próximo ver a corrida na TV. Tratei de advertir Bucicleide para não dar bandeira sobre nossa nacionalidade. Afinal, estávamos em território hostil. Ela obedeceu. Mesmo assim, a francesada logo sacou que havia inimigos infiltrados no bistrô. Terão sido minhas imprecações endiabradas contra Alain Prost a chamar a atenção dos gauleses? Só sei que assim que o piloto francês cruzou a linha de chegada em primeiro, o dono do bistrô me deu uma cebola. No último domingo, não precisei ganhar uma cebola para polir o choro. Como todo mundo, passei o dia revendo exaustivamente as imagens do desastre. O que dizer de um Galvão Bueno que deu heróica continuidade à transmissão da corrida sabendo que seu amigo do peito acabara de morrer? O que dizer sobre o futuro da Fórmula 1? Ou sobre o efeito que o fim-de-semana de Imola terá na carreira de Rubens Barrichello? À noite, ainda entorpecida, fui comer uma pizza na Venite onde, como de costume, a TV estava ligada no "Fantástico". Só então me dei conta de um fato curioso. As imagens de Senna com macacão e boné traziam tarjas azuis para esconder o nome dos patrocinadores. Claro, eles têm uma reputação a zelar... Próximo Texto: Progresso ;Desgosto ;Éramos Sete Índice |
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