São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
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Pizza doce enfrenta a tradição em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

As pizzas doces –normalmente combinações de frutas– resistem nos cardápios das pizzarias de São Paulo como alternativa às tradicionais calabresa, mozarela e aliche.
Apesar dos donos de alguns restaurantes da cidade torcerem o nariz para combinações como pêssego e requeijão ou maçãs e nozes, as pizzas doces vêm obtendo reconhecimento internacional.
Massimo Ferrari, dono do restaurante Massimo, um dos melhores de São Paulo, é um dos que aprovam esses experimentos. "No Concurso Internacional da Itália, no ano passado, uma pizza de frutas ficou em segundo lugar. É uma moda na Europa", conta.
Franco Antonio Enzo Ravioli, dono do Pizza Bros., assegura ter feito experiências satisfatórias com catupiry e mel, chocolate com morango e mel com sorvete.
"São brincadeiras feitas entre amigos", ressalva. No cardápio do Pizza Bros., diz Ravioli, só há espaço para um sabor de pizza doce, o "Fantasia", entre as 42 opções oferecidas pelo restaurante.
Ravioli atribui a restrição do consumo de pizzas doces ao seu círculo de amizades a problemas de "logística" e às "leis de mercado". "Não há demanda, além de ser complicado fazer determinados tipos de pizza em uma linha de produção", argumenta.
As tendências sugeridas pelos concursos internacionais ainda estão distantes de algumas pizzarias paulistanas. Casas tradicionais, como Speranza e Babbo Giovanni, não lhes reservam espaços em seus cardápios.
"Na nossa casa esse tipo de solicitação quase não tem havido", diz Ismael Cassas, sócio do Speranza, que tem mantido oito opções de pizza desde a abertura do restaurante do Bexiga, há 35 anos.
Outros donos de restaurante, como Hamilton Mellão, dono do I Vitelloni, fundamentam sua aversão às pizzas doces com argumentos culinários.
"As frutas perdem consistência ao serem levadas ao forno –transformam-se em calda. Se são frutas em conserva, o resultado ainda é mais insatisfatório", diz Mellão.
Mellão admite os sabores açucarados apenas em massas folheadas, segundo ele, as mais indicadas para as altas temperaturas dos fornos.
No Ráscal –pizzaria inaugurada em janeiro no Shopping Iguatemi– a pizza de banana resistiu apenas dois meses no cardápio.
O fracasso se explica pelo tamanho da pizza, grande, o que rende oito fatias. Segundo a gerência, os clientes pediam as bananas, que acabavam sobrando nos pratos.
Mesmo com a má aceitação da pizza de banana, o Ráscal estuda a possibilidade de acrescentar o sabor morango às suas 23 opções.
Onde comer
É possível encontrar os sabores doces em algumas pizzarias, especialmente aquelas que oferecem uma grande variedade de pratos.
A pizzaria Comilão, do Bexiga, tem três sabores doces entre os 119 preparados pela casa. As opções açucaradas do restaurante recebem nomes tropicais, que indicam sua composição à base de frutas.
Gal Costa (requeijão, banana, pêssego e canela), Tropicália (mozarela, presunto, abacaxi, figo e pêssego) e a Banana Blitz (banana e canela coberta com mozarela) são as opções do Comilão.
Na cadeia Pizza Hut, a pizza Havaiana é feita com mozzarela, presunto e abacaxi)
No Pizza Bros, o sabor Fantasia é uma composição de molho de tomate, maçãs curtidas em vinho branco e gorgonzola.
A Brasserie Bela Vista, do Maksoud Plaza, aberta 24 horas, oferece dois sabores doces. As opções são uma pizza coberta com maçãs, uvas passas e canela em pó e outra com frutas selecionadas (normalmente uvas, maçãs e pêssegos).

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