São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Agilidade das pistas marcou o empresário

NELSON BLECHER

Da Reportagem LocalSenna acelerava também nos negócios. Em menos de um ano, comprou uma revenda Ford em São Paulo, investiu acima de US$ 5 milhões para importar carros da Audi e eletrodomésticos da italiana De Longhi, à qual se associou para abrir uma unidade na Zona Franca de Manaus.
Na semana que precedeu o acidente fatal, o piloto cumpria uma agenda empresarial na Europa, acompanhado de seu staff. Senna levava para as reuniões a agilidade das pistas, segundo uma assessora.
Aconselhado pelo amigo Armando Botelho, morto em 1989, Senna lançou no ano seguinte sua própria marca, após a conquista do bicampeonato de Fórmula 1: um "S" estilizado como uma das curvas do autódromo de Interlagos.
Era um empreendimento de risco. Outras celebridades – como o tenista Bjorn Borg e Alan Prost, seu colega de circuitos- haviam tentado antes e fracassaram.
Hoje, a marca Senna batiza sob licença um barco de 42 pés para cruzeiros de médio porte, um modelo de moto Ducati, da Cagiva, e três bicicletas da Carraro. A Sega comercializou mais de um milhão de games com seu nome, que também aparece associado a um autorama da Estrela.
É difícil medir o tamanho do faturamento. O grupo, por ser familiar, não publica balanço. A Ayrton Senna Promoções e Empreendimentos ocupa 3 dos 16 andares de um prédio de escritórios erguido em Santana, na zona norte de São Paulo.
Emprega 150 funcionários, sob a direção do pai, Milton da Silva, do irmão Leonardo e do primo Fábio Machado.
Sabe-se que a sociedade com a De Longi demandou uma injeção de US$ 6 milhões. Vai faturar o triplo em 1996, quando a fábrica estiver em operação.
Somente na área de automóveis, a estimativa é de uma receita de US$ 120 milhões anuais. O licenciamento de produtos projetava atingir ao redor de US$ 10 milhões até 1995.
Patrocinado pelo banco Nacional, Ayrton vinha recebendo US$ 1,2 milhão por ano, por ceder sua imagem às campanhas.
A porção dos negócios que pessoalmente mais o entusiasmava era o personagem Senninha, que gerou uma revista quinzenal homônima (150 mil exemplares de circulação, dos quais 50 mil foram vendidos no lançamento) e uma licença para a Tec Toy.
A morte não vai interromper um projeto do piloto, de distribuir o gibi para o público infantil na Argentina e no Japão, onde chega em outubro.
Cerca de US$ 4 milhões foram investidos para a decolagem do personagem com que Senna pretendia eternizar suas idéias.

Texto Anterior: Piloto colecionou inimigos na pista
Próximo Texto: Como preencher a sua declaração
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.