São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Novato chegou 3 vezes ao pódio

DA REPORTAGEM LOCAL

Foi com um carro de gente grande que Ayrton Senna andou pela primeira num Fórmula 1. Era um teste com uma Williams. Aconteceu em julho de 1983, no circuito de Donington Park, na Inglaterra.
Senna era o que se chama de um jovem promissor. Acumulara três títulos em três anos nas categorias intermediárias.
A Williams, já toda poderosa, era só uma das escuderias interessadas no piloto. Até o final de 1983, ele seria sondado pela Lotus, Brabham e McLaren.
Acabou na pior delas, a Toleman, por questões econônicas e estratégicas.
O carro da equipe, que seria comprada pela Benetton no final de 1985, era o patinho feio da F-1. Mesmo com ele, Senna conseguiu um segundo lugar (Mônaco) e dois terceiros (Inglaterra e Portugal).
Senna sabia que não teria futuro com um Toleman. Em agosto de 1984, o piloto anunciou que estava se mudando para a Lotus na próxima temporada.
Foi uma das viradas na carreira de Senna. Logo no segundo GP de 1985, a 7 de abril em Portugal, ele faz a pole, e vence a prova sob chuva. Começa ali o mito do corredor que não teme a chuva e cuja estratégia é sempre largar na frente.
Cinco meses depois, ele repete a dose na Bélgica: vence sob chuva. Consegue ainda dois segundos lugares e dois terceiros.
Num desses segundos lugares, no GP da Europa, o mito nascente seria alimentado por uma visão do piloto John Watson, que corria nesta prova pela McLaren.
"Era como se ele tivesse quatro mãos e quatro pernas. Estava freando, reduzindo a marcha, virando o volante, acelerando, o carro parecia num fio de navalha entre o controle e o descontrole. Era um mestre controlando uma máquina".
Senna terminaria a temporada em quarto lugar, com 38 pontos.
O pulo do gato aconteceu em 1986. Senna havia ficado impressionado com o motores Honda e foi atrás dos japoneses.
No ano seguinte, ele conseguiria os motores para a Lotus. Fez 57 pontos e chegou em terceiro no campeonato.
Foi no meio da temporada de 1987 que ele decidiu deixar a Lotus para promover uma mistura explosiva na história na F-1: a do motor Honda com o chassi da McLaren.
Senna ficou tão obcecado pelos motores que, após vencer o GP em Mônaco em maio de 1987, pegou seu avião e foi para Londres conversar com os técnicos da Honda: "Ficamos até 3, 4 da manhã falando sobre o final de semana e sobre o futuro. Vendi a idéia da McLaren-Honda para eles". O futuro era o tricampeonato.

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