São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Interior paulista é fértil para pequena empresa

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução de despesas e de pessoal empregado em grandes empresas de pólos produtores do interior do Estado de São Paulo tem provocado um boom de abertura de pequenas empresas.
É o caso de cidades como São José dos Campos (97 km a nordeste de São Paulo), Franca (401 km ao norte) e São Carlos (244 km a noroeste).
Em São José dos Campos, apenas a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) reduziu o total de empregados de 12.500 para 5.700 de 1990 para cá.
Segundo Juarez de Siqueira Wanderley, diretor de produção da Embraer e diretor do Ciesp regional (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), desde 86 as grandes empresas da cidade dispensaram 15 mil pessoas.
"Muitos foram embora e outros procuraram uma nova atividade", diz. A Akros Engenharia e a Mectron Engenharia são empresas de ex-funcionários da Embraer que resolveram ficar em São José.
César Augusto da Silva, 39, sócio da Akros, diz que a empresa nasceu há dois anos fazendo projetos de engenharia aeronáutica e mecânica.
O contrato com a Embraer veio depois. Ela acabou de entregar projetos para o EMB-145 (o primeiro jato comercial brasileiro) e já tem novos pedidos em carteira.
A Mectron também faz projetos para a Embraer, mas tem contratos com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e já lançou produtos próprios.
"Fornecer para um único cliente é um risco. Por isso baseamos nossa produção em um tripé: serviços aeronáuticos, de automação industrial e produtos próprios", afirma Rogério Salvador, 36, sócio da empresa.
Parceiros integrados
A Saltos Francês, de Franca, é uma das pequenas empresas que fornecem para os mais de 400 grandes fabricantes de calçados da cidade.
Sérgio Rodrigues Peixoto, dono, diz que vende 60% de toda a produção de saltos para a Sambinos, uma grande fabricante de solados.
A integração entre "empresa-mãe" e "empresa-filha" é tal que a Sambinos mantém um centro de qualidade com dois funcionários dentro da Saltos.
Segundo Carlos Brigagão, 47, dono da Sambinos, as duas empresas estão investindo na interligação dos computadores para tornar o envio de papéis e pedidos menos burocrático.
A metalúrgica Genarex, de São Carlos, fornece peças e componentes para a Climax e para a Sincom, segundo Federico Confolonieri, 24, gerente.
As encomendas da Sincom representam 70% da produção da empresa. A Genarex está lançando um bebedouro de água, de fabricação própria.
Para desenvolver o produto, diz Confolonieri, a Sincom cedeu seu laboratório para as pesquisas e está vendendo componentes. "Eles passaram a ser nossos fornecedores também", diz ele.
(NR)

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