São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Cultura usa magia para ensinar em 'Castelo'

ANNETTE SCHWARTSMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem achava que a qualidade dos programas infantis da TV Cultura era insuperável se enganou. O novo "Castelo Rá-Tim-Bum" – série de 90 episódios dirigida por Cao Hamburguer que estréia na emissora amanhã, às 19h- é melhor que seus congêneres.
O encantamento começa logo na abertura, que mostra o castelo sendo construído por passes de mágica e explicita que a fantasia do universo infantil é a matéria-prima do programa -usada para abortar conceitos necessários ao desenvolvimento escolar e global de crianças entre 4 e 8 anos.
O projeto "Castelo Rá-Tim-Bum" envolveu 250 profissionais (entre eles 15 diretores, 5 mil horas de gravação, 3 mil de edição e um investimento de US$ 3 milhões feito pela Cultura, com apoio do Sesi (Serviço Social da Industria) e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O valor é proporcionalmente pequeno à qualidade e requinte do programa. "Se o 'Castelo Rá-Tim-Bum' fosse produzido nos Eua, por exemplo, seu custo dobraria", diz Roberto Muylaert, diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, que pretende vender o programa para outros países e espera obter uma audiência média de oito pontos.
A série é protagonizada por Nino (Cassio Scapin), um garoto de 300 anos, sobrinho e aprendiz do dr. Victor (Sergio Mamberti) -inventor, mago e dono do castelo. A outra integrante da família é a bruxa Morgana (Rosi Campos), 5.999 anos, tia do dr. Victor.
Como nenhuma escola aceita a matrícula de um menino de 300 anos, o solitário Nino faz um feitiço para atrair ao castelo três crianças: Pedro (Luciano Amaral), Biba (Cinthya Rachel) e Zequinha (Fredy Allan Galembeck). Após conquistar seus novos amigos no primeiro episódio, Nino vai receber a visita dos três a cada programa.
Além destes, outros seres habitam e visitam o castelo: o entregador de pizza Bongô (Eduardo Silva), o extraterrestre Etevaldo (Wagner Bello), a jornalista Penélope (Ângela Dip), a Caipora (Patrícia Gaspar), o vilão dr. Abobrinha (Pascoal da Conceição), os cientistas Tíbio e Perônio (Flávio de Souza e Henrique Stroeter), as fadinhas Lana e Lara (Teresa de Athayde e Fabiana Prado) e Telekid (Marcelo Tas).
O programa também utiliza outros recursos, como bonecos – entre eles o gato Pintado, a cobra Celeste, a gralha Adelaide, Mau, Godofredo, Relógio, Fura-Bolo, as botas Tap e Flap-, animação e efeitos especias.
Ao todo são 11 personagens, nove bonecos e 27 quadros, contextualizados em tramas com começo, meio e fim para manter as crianças atentas e permeáveis ao conteúdo científico-cultural da série - que inclui noções de ciência, história, matemática, literatura, música, artes, ecologia e cidadania.
Além destas noções, um cardápio de temas pedagógicos foi elaborado pela educadora Zélia Cavalcanti. Cada episódio aborda um.
O primeiro é o medo. Prevendo o temor público, Morgana diz: "Não entendo essa mania de ter medo de bruxa. Eu respiro, como, durmo, vou ao banheiro e vôo de vassora como todo mundo e, quando era pequena, tinha medo de ficar só, de escuro e trovão".
Outros temas que o programa vai tratar são ciúmes, vaidade, esportes, alimentação, higiene, números etc.
A principal preocupação do diretor-geral Cao Hamburguer ao conceber a série, com Flávio de Souza, foi criar um ambiente mágico, capaz de harmonizar os ingredientes de fantasia e mistério que cativam as crianças.
"Um castelo seria o lugar ideal, mas eu não queria um típico castelo de bruxa no estilo europeu, sobre uma colina. Pensei em algo que tivesse carcacterísticas mais brasileiras, um certo ar dos casarões do Bexiga, no centro da cidade", explica Cao, que usou como referências as histórias em quadrinhos, os desenhos animados e séries de TV como "Batman", "O Gordo e o Magro" e "Vila Sésamo".
O resultado desta mistura é um castelo encantado, colorido e alegre, inspirado na estética art-nouveau radical do espanho Antonio Gaudí. "Este estilo foi o escolhido por permitir uma perfeita interpretação entre a fantasia", diz Marcelo Oka, chefe da divisão de cenografia da emissora.
Foram criados oito ambientes – hall, sala de música, sala de lareira, biblioteca, cozinha, quarto de Nino, torre de Morgana e oficina do dr. Victor- em cenários de 360 graus que permitem maior liberdade de enquadramentos e movimentação de câmeras. Dez passagens secretas estrategicamente posicionadas incrementam o projeto e colaboram para dar mais ritmo à história. Tudo – incluindo os móveis em estilo grego, art-decô e art-nouveau – foi confeccionado por uma equipe de 90 pessoas durante quatro meses de trabalho.
Não são só crianças de 4 a 8 anos que o programa deve atingir. Apostando que "Castelo" vai cativar uma faixa etária mais ampla -incluindo os pais-, a Cultura resolveu exibir o programa em três horários: um episódio inédito às 19h, e reprise às 10h e 15h30.
LEIA MAIS
Sobre o "Castelo Rá–Tim–Bum" à pág. 12.

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