São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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Barrichelo faz seu primeiro treino após bater em Imola

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

O piloto brasileiro Rubens Barrichello voltou a dirigir um carro de Fórmula 1 ontem pela primeira vez desde seu acidente nos treinos para o GP de Imola, há dez dias.
Segundo colocado no Mundialde F-1, Barrichello deu quatro voltas com o seu Jordan no circuito de Silverstone (Inglaterra) e disse à Folha que não sentiu medo, apesar do "medo de sentir medo".

Folha - Como foram os testes hoje em Silverstone?
Rubens Barrichello - Para mim foram superbons. Fiz quatro voltas e "virei" (completou a volta) mais rápido do que eu vinha virando antes.
Folha - E fisicamente?
Barrichello - Fisicamente só senti uma dorzinha na costela.
Folha - Mas vai haver ainda um teste físico em Mônaco, não?
Barrichello - Eu devo fazer um teste com o Sid Watkins, que é o médico oficial da F-1. Mas eu já tendo dirigido hoje (ontem), posso falar que estou bem. Eu já fiz também um encéfalo-cardiograma (teste do cérebro) e deu tudo certo. De cabeça eu também estou bem.
Folha - Você sentiu alguma diferença ao estar dirigindo o carro depois do acidente?
Barrichello - Não. Eu tinha medo de sentir medo. E, correndo mais rápido do que antigamente, eu cheguei à conclusão de que não tem nada a ver.
Folha - Nada de medo?
Barrichello - Nada. Vou correr como sempre corri, agressivo.
Folha - Você acha que a mobilização dos pilotos por segurança na F-1 vai trazer resultados?
Barrichello - Se não der certo dessa vez... Eu pelo menos vou fazer alguma coisa, mesmo sem uma associação (dos pilotos).
Folha - E você acha que está havendo entre os pilotos esta mobilização?
Barrichello - Pelo menos entre aqueles que estavam no cemitério (no funeral de Ayrton Senna), sim. Folha - E há já alguma reivindicação específica?
Barrichello - Nós ainda precisamos sentar e conversar melhor.
Folha - O que você achou das homenagens ao Senna?
Barrichello - Eu acho que foi legal. Às vezes me dava vontade de chorar, de pular para desligar a TV. Era muito triste para mim. A última entrevista dele (Senna) foi falando de mim. Eu fiquei muito comovido. Acho que o Brasil fez jus à pessoa que era o Ayrton Senna.
Folha - Você sabe se vai haver alguma homenagem ao Senna em Mônaco?
Barrichello - Da minha parte vai. Eu vou correr com o "S" do Senna no meu capacete.

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