São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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Convenção banaliza `Mistério da Viúva negra'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: O Mistério da Viúva Negra
Produção: EUA, 1987, 103 min.
Direção: Bob Rafelson
Canal: Globo, 0h

Bob Rafelson é um cineasta de seu tempo. Entrou nos anos 70 com um filme estranho e marcante, embora não propriamente genial, "Cada um Vive como Quer". Já pelo título, um manifesto em favor da liberdade de costumes que se reivindicava na época.
Entrou nos 80 com "O Destino Bate à Sua Porta", refilmagem de "O Destino Bate à Porta" (Tay Garnett, 1946). Jessica Lange deixou nesse policial uma das marcas mais fortes de sua carreira, como a mulher frustrada que, junto com o amante (Jack Nicholson), planeja e executa com crueldade o assassinato do marido.
Rafelson tornou evidentes a demência e a sensualidade da mulher, mais contidas no tipo composto originalmente (e de forma não menos marcante) por Lana Turner.
"O Mistério da Viúva Negra", que a Globo exibe hoje, carrega um pouco deste último filme: há o lado policial, a perversidade e, no mais, um bom trabalho das atrizes.
Mas o filme não cresce, seja porque o tema da "viúva negra" (mulher especialista em matar maridos e papar heranças) é excessivamente convencional, seja porque existe uma sobrecarga no tom, que tenta compensar a banalidade do assunto.
Outro filme de Rafelson, "As Montanhas da Lua" (1990), aventura que retraça caminhos do explorador Richard Burton, também dá margem a pensar sobre o destino da carreira de Rafelson, onde um quê acadêmico começa a aparecer, impondo a competência no lugar da convicção.
Ainda assim, num dia de poucas opções, "O Mistério da Viúva Negra" é um programa visível: para uma terça-feira já é um triunfo considerável.

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