São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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Upa Neguinhosan

ZECA CAMARGO

Se "Upa Neguinho" já é uma expressão estranha em português imagine em japonês. Por isso, talvez, o pessoal da United Future Organization (UFO) preferiu não traduzir a letra do clássico de Edu Lobo e usar somente o repicado refrão musical para abafar nessa faixa –destaque da compilação de "acid jazz" (ou algo assim) japonesa, lançada na Inglaterra.
O nome do álbum é "Multidirection (Brownswood Workshop)". E por trás do UFO estão Tadashi Yabe e Toshio Matsuura, dois japoneses que já viram o futuro do jazz –e ele é ácido e gosta de inspirações inusitadas. Mas tem também o "dedo" inglês aí: o Young Disciples (banda "extracool" do novo jazz) colaborou e também remixou a faixa transformando-a no excelente "Supa Neg Mix".
Com essas credenciais, a música virou obrigatória nos clubes espertos de Londres e (claro) de Tóquio. "Upa Neguinho" ganhou uma marcação próxima do que eles devem achar que é um ritmo de capoeira (com um som próximo do que eles devem achar que é um berimbau), mais um violão besta e um sintetizador malandro fazendo a preparação para Elis entrar.
Sua voz não entra nem sampleada, mas em compensação a batida é muito boa. Irrestível é pouco. E olha que esse não é o único momento brasileiro dessa compilação. Apesar de não estar creditada corretamente, a faixa "Beatitude", do Jazz Brother é feita todinha em cima de "Ponteio".
Não é de hoje que o jazz japonês presta homenagens à música brasileira. Mas o que vem por aí parece ser mais do que curiosidade. É fascinação.

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