São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Reitor diz que não opinou sobre preço de equipamentos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O reitor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Arthur Roquete de Macedo, afirmou ontem em depoimento no Ministério Público de São Paulo que a universidade não opinou sobre o preço dos equipamentos importados de Israel no governo Orestes Quércia (87 a 91).
Os equipamentos, no valor de US$ 300 milhões, foram importados sem licitação. Parte deles (US$ 17 milhões) foi destinada à Unesp. Na época, Macedo era vice-reitor da universidade.
A defesa do ex-secretário da Ciência e Tecnologia Luiz Gonzaga Beluzzo sustentava que representantes da Unesp haviam opinado sobre o preço dos equipamentos importados.
Paulo Milton Landin, ex-reitor da Unesp, e Oduvaldo Vendrameto, então superintendente do Centro Estadual de Educação Técnica Paula Souza, ligado à Unesp, também depuseram ontem.
Ambos disseram que não participaram de qualquer negociação comercial para aquisição dos bens.
Catálogos
Os três afirmaram ainda que a universidade não encomendou os equipamentos. Eles foram escolhidos em catálogos enviados à Unesp pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, disseram.
A defesa argumentava que os equipamentos teriam sido encomendados pela universidade.
Uma perícia realizada no final de 93 comprovou diferença de US$ 7,5 milhões entre o valor pago por um dos itens importados para a Unesp e o de equipamentos idênticos adquiridos pela empresa Mercedes-Benz.
Macedo, Landin e Souza acrescentaram que não conheciam a Sealbrent Holdings Limited, empresa sediada na Irlanda que intermediou as importações.
O inquérito no Ministério Público de São Paulo investiga eventuais prejuízos ao patrimônio público decorrentes das importações.
Além dele, há um inquérito no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Neste caso, Quércia já foi acusado formalmente pelo Ministério Público Federal pela suposta prática de estelionato.
No inquérito do STJ também é acusado o principal acionista da Trace Trade Company, Arie Halpern. A empresa, sediada no Brasil, intermediou as negociações com a Sealbrent e Israel.
O depoimento de Halpern no Ministério Público de São Paulo está marcado para o dia 17. Ele deveria ter deposto anteontem, mas pediu adiamento em razão de uma cirurgia plástica feita no final de março.
No dia 16, deverá ocorrer o depoimento de Mario Ungar. Ele trabalhava na Trace na época das importações e também foi acusado no inquérito que está no STJ.

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