São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Rebelião acaba com 3 mortos no PA

ABNOR GONDIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM AMERICANO

A rebelião de presos iniciada anteontem na Penitenciária Fernando Guilhon, em Americano (51 km de Belém-PA), terminou ontem, às 11h, com três mortes, dois presos baleados e cerca de 30 fugitivos.
O secretário estadual da Justiça, Wilson Figueiredo, informou que será aberto inquérito para apurar a violência sexual contra pelo menos seis mulheres detentas.
Elas contaram que duas foram hospitalizadas após cada uma ser obrigada a manter relações sexuais com 20 homens.
Uma comissão de autoridades do governo do Estado entrou na penitenciária, semidestruída, depois que os presos libertaram os últimos 15 funcionários feitos reféns desde o início da rebelião.
Os presos disseram que o motim era para reivindicar a agilização nos processos. A maioria dos detentos espera julgamento.
A rebelião começou após uma tentativa de fuga de cerca de 40 dos 540 presos, 220 a mais do que a capacidade do presídio.
Eles estavam na portaria fazendo ligações telefônicas. Renderam os agentes penitenciários e quebraram uma parede. Na fuga, a PM matou os detentos Marco Antônio dos Santos e Silas Costa.
Ontem à tarde, bombeiros puderam entrar no presídio para retirar o corpo do terceiro preso morto na rebelião, Joaquim Fernandes, 25.
Ele foi morto a estocadas de ferro no pátio da penitenciária logo após o início da rebelião.
O diretor da penitenciária, capitão PM Hélio Pessoa, afirmou que a morte de Fernandes pode ter sido vingança.
Segundo ele, no dia 9 de fevereiro passado, o preso matou o traficante colombiano Juan Ospina, detento respeitado pelas principais lideranças do presídio.
Depois do fim da rebelião, os agentes penitenciários encontraram o corpo do preso Marinaldo Lucas Chaves, o "Marambaia".
O corpo boiava no lago da penitenciária onde os presos criam peixes. Ele foi um dos três presos que fugiram no início da semana e deve ter sido atingido pela PM.
Dois presos fugitivos foram baleados ontem de manhã pela PM, após serem encontrados perto da rodovia BR-316, que passa ao lado da penitenciária.
O preso identificado apenas por Ronaldo teve a perna esquerda amputada por causa dos tiros de metralhadora da PM e está internado.
Junto com ele foi internado Wandick Soares, que levou tiros nas pernas, mas passa bem.

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