São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Greve deixa 3,7 milhões sem transporte

DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo teve ontem um congestionamento total de 228,7 km, somadas as lentidões dos picos da manhã e da tarde de ontem. Ficaram sem transporte 3,7 milhões de pessoas.
No pico da manhã –entre 7h e 10h– o congestionamento foi recorde: 130 km. Todas as principais vias de acesso ao centro da cidade ficaram lentas (veja quadro).
Em 23 de março de 1993, o recorde anterior, foram registrados 119 km de lentidão, causados pela chuva e por alagamentos.
Em dias normais, são computados 40 km de congestionamento no pico da manhã e 60 km à tarde.
Com a volta dos ônibus às ruas, os congestionamentos foram menores no final da tarde. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) totalizou 98,7 km de lentidão entre 17h e 20h.
Os congestionamentos foram causados pelo aumento de carros particulares nas ruas. Além disso, aconteceram manifestações e passeatas nas avenidas Paulista, do Estado e rua da Consolação.
Os manifestantes da CUT, que se reuniram a partir das 11h no Masp, na avenida Paulista, foram em passeata até o Tribunal Regional do Trabalho, na Consolação.
Lá, interromperam o trânsito das 14h às 14h30. Cerca de 500 pessoas participaram.
Os moradores da zona leste de São Paulo demoraram até três horas para chegar de carro de manhã à região central.
O tráfego de automóveis na radial leste (sentido bairro/centro) já era intenso às 6h. O número de ônibus clandestinos era muito reduzido. Os pontos ficaram lotados.
Os moradores da zona leste sem carro ou dinheiro para pagar táxi, optaram por peruas kombi transformadas em "microônibus" de nove ou dez lugares.
A funcionária pública Cristiane Basques, 22, pagou CR$ 5.000,00 por um lugar na kombi de Emilio Costa, 26, que fazia o trajeto entre a estação Itaquera do metrô e o parque d. Pedro (região central).
Segundo portaria da prefeitura, as peruas-lotações deveriam cobrar CR$ 1.500,00 por passageiro.
Uma viagem de táxi entre a estação Itaquera e a região da avenida Paulista estava cotada em CR$ 30 mil (pelo taxímetro). Em dias normais, o mesmo trajeto não custa mais de CR$ 15 mil –o trânsito intenso explica o aumento.
Muitos motoristas preferiram fazer complicados trajetos por Itaquera, Arthur Alvim, Penha e Tatuapé a ter que enfrentar a congestionada radial leste.
"Por dentro dos bairros dá para fazer em 40 minutos", disse , às 7h30, o perueiro Emilio Costa, antes de iniciar sua segunda viagem entre Itaquera e o parque d. Pedro.

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