São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jornais americanos desafiam o Comitê

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os maiores jornais norte-americanos não cumpriram a exigência do Comitê Organizador da Copa do Mundo de assinar uma autorização para que o FBI (a polícia federal dos EUA) investigue os jornalistas que queiram participar da cobertura dos jogos.
O Comitê Organizador mudou a data final para o fim do credenciamento dos jornalistas do dia 30 de abril para 17 de junho.
Segundo levantamento realizado pela Folha, o "The New York Times", "USA Today", "The Boston Globe", "Star-Ledger of Newark" e possivelmente o "The Washington Post", não cumpriram a exigência do Comitê de enviar até o dia 30 de abril os formulários com assinaturas dos jornalistas autorizando as investigações.
Juntos, os cinco jornais têm uma circulação diária nos EUA de quase 5 milhões de exemplares.
A agência de notícias "Associated Press" informou que também não cumpriu a determinação.
O presidente do Comitê Organizador, Alan Rothenberg, afirma que "o credenciamento para a Copa do Mundo é um privilégio, e não um direito". Rothenberg disse que vai manter a exigência.
O chefe de imprensa do Comitê Organizador, John Griffin, tentou minimizar a questão ontem. Ele afirmou que "muitos jornais" dos EUA já haviam se credenciado. Entre os grandes diários, só o "Los Angeles Times", com uma circulação de 1,2 milhão de exemplares/dia, fez isso.
Griffin disse que o prazo para que os jornalistas assinem a autorização foi prorrogado. "Houve muita polêmica em relação à medida e nós decidimos dilatar o prazo até o primeiro dia da Copa."
Em entrevista à Folha no dia 15 de abril, Griffin disse que as manifestações de repúdio dos jornais eram "ridículas" e que não partiam da imprensa dos EUA.
Vários jornais dos EUA e do mundo, entre eles a Folha, enviaram cartas de protesto contra a decisão do Comitê.
A Folha enviou duas cartas ao Comitê repudiando a medida, uma em abril e outra esta semana.
No dia 5 de maio, Rothenberg respondeu aos jornais que protestaram contra a medida afirmando que ela visa "a segurança pública, pelo fato de muitos chefes de Estado estarem convidados".
Bill Adler, relações públicas do "New York Times", disse ontem que o jornal vai vai manter sua decisão de não assinar as autorizações "até o fim".
Guy Sterling, jornalista do "Star-Ledger" responsável pelo credenciamento, afirmou que os jornais também "deveriam exigir a ficha criminal de Alan Rothenberg para cobrir o evento que ele está organizando".

Texto Anterior: Joelhos de zagueiros preocupam técnico
Próximo Texto: Internazionale vence por 1 a 0 e é campeã
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.