São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Europeus atacam os neofascistas da Itália

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Líderes europeus criticaram a indicação de cinco neofascistas para o governo do premiê da Itália, Silvio Berlusconi.
O magnata das comunicações foi empossado oficialmente ontem como chefe do 53º governo da Itália no pós-Guerra –também o primeiro conservador do período.
Reunidos no Movimento Social Italiano (MSI), os herdeiros políticos do líder fascista italiano Benito Mussolini (1922-45) ocupam três cargos no governo Berlusconi.
Outros dois cargos ficaram para membros da Aliança Nacional, grupo que engloba diversos movimentos neofascistas e cuja base de sustentação é o MSI.
Giuseppe Tatarella, do MSI, é um dos dois vice-premiês e ocupa a pasta dos Correios. A única mulher do novo governo, a ministra da Agricultura, Adriana Poli Bortone, também pertence ao MSI.
Líder do Força Itália, Berlusconi se uniu ao MSI e aos federalistas da Liga Norte na coalizão de direita Aliança da Liberdade.
Michel Rocard, ex-premiê da França e secretário do Partido Socialista, disse lamentar que "a Itália tenha chegado a isso".
O francês Dominique Baudin, líder direitista, afirmou que "os outros países da União Européia devem ser extremamente vigilantes com os representantes da extrema direita italiana".
O vice-premiê belga Elio di Rupo, de ascendência italiana, disse que "por razões morais e éticas", não poderia discutir nenhum assunto com os neofascistas.
A repercussão também foi negativa na Dinamarca e na Grécia, onde um âncora de um telejornal classificou o fato de "hora negra para a Europa".
Eleitoralmente, foi vantajoso para Berlusconi o apoio da AN. A principal base do grupo é o sul do país, equilíbrio perfeito para o forte apoio que a Liga Norte tem no norte do país.
Berlusconi atribuiu a preocupação internacional a "má-fé e desinformação". Em sua primeira entrevista como premiê, disse que seus ministros não têm nada a ver com o fascismo.
O movimento surgiu no início do século e é caracterizado por um Estado nacionalista e corporativista –os interesses individuais e de classes deve se subordinar aos do Estado.
Disputas entre MSI e Liga já ameaçaram rachar a coligação de Berlusconi. Ex-separatista, a Liga defende o federalismo (mais poderes para os governos regionais).
O MSI, forte no pobre sul da Itália, rejeita a idéia de dividir o poder do país.
Ontem, após a primeira reunião com seus ministros, Berlusconi anunciou um comitê de três juristas que vai propor medidas para evitar conflitos entre os interesses empresariais e a vida pública dos membros do governo.
O grupo Finivest, de propriedade do premiê, é um dos maiores da Europa e movimenta cerca de US$ 7 bilhões por ano.

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