São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994 |
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Medida é golpe dentro do golpe
NEWTON CARLOS
Militares e políticos afins tratam de afinal preenchê-lo, por meio de farsa constitucional montada num Congreso sem representatividade popular, com a esperança de anular pressões internacionais em nova escalada. O Haiti tem outro presidente e Aristide não é mais nada, é o recado de golpistas renitentes. Sendo assim as pressões das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos (OEA), visando a reinstalar Aristide no poder, deixariam de ter amparo legal. As pressões são apoiadas sobretudo pelos Estados Unidos e pela França, antiga metrópole. Justificativas Certamente a farsa não terá reconhecimento fora do Haiti, com exceção talvez da República Dominicana, que divide a antiga ilha de Hispaniola com os haitianos. Os dominicanos furaram o bloqueio decretado pela ONU permitindo a passagem em seu território de petróleo destinado sobretudo aos quartéis e mansões de Porto Príncipe. A entronização de presidente "provisório", preparativa de outra farsa, a da realização de "eleições" dentro de três meses, já vinha sendo anunciada há algum tempo. Foi usada inclusive a justificativa de que Aristide "está por trás da luta armada" que se inicia no sul e norte do Haiti, produzindo repressão ainda mais violenta. Justificativa tampouco aceita pelos que voltaram a dar apoio revigorado ao acordo de Staten Island, prevendo o retorno de Aristide ao poder, não cumprido pelos militares haitianos. Os Estados Unidos, que patrocinaram a decretação de bloqueio total ao Haiti por parte do Conselho de Segurança da ONU, passaram a considerar até o emprego de tropas para forçar a implementação do acordo. O golpe dentro do golpe é um tapa na cara tanto da ONU como da OEA e dos próprios EUA. Texto Anterior: Golpistas fazem presidente no Haiti Próximo Texto: Clinton acumula fracassos Índice |
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