São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Empresários culpam a CUT

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de maio ser um mês da "safra de greves", o empresariado identifica na atual onda de paralisações no país um "inegável" componente eleitoral.
Mesmo reconhecendo o direito dos trabalhadores de reivindicar aumentos salarias, os empresários vêem o dedo "político" da CUT, braço sindical do PT, nas greves.
Mario Bernardini, diretor de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), diz que a incerteza quanto ao sucesso do Plano Real está sendo explorada politicamente pelas centrais sindicais.
"A CUT vai fazer o possível para capitalizar o descontentamento dos trabalhadores com a sensação generalizada de perda salarial para atacar o Plano Real", diz.
O alvo, afirma, é atingir mortalmente a virtual candidatura à Presidência do senador Fernando Henrique Cardoso, pela aliança PSDB-PFL-PTB.
Para que o real não vire logo apenas um "pedaço de papel", Bernardini sugere um acordo entre as lideranças políticas abrindo mão da paternidade do Plano Real.
Isso, porém, afirma Bernardini, requer grandeza política. Mas para ele, essas qualidades são "inexistentes" no país.
Paulo Butori, presidente do Sindipeças, sindicato patronal do setor de autopeças, vê um "componente político importante" na atual onda de greves.
"O sucesso do plano, deixando o país com inflação baixa, não interessa ao PT", diz.
Butori afirma, no entanto, que a insatisfação geral reflete também a insegurança de todos nessa fase complexa do país, quando ninguém tem segurança do país.
Roberto Nicolau Jeha, coordenador do GPPI (Grupo Permanente de Política Industrial), da Fiesp, diz não ter dúvida de que a motivação das greves é política.
"É claro que a CUT quer prejudicar e tumultuar as chances de êxito do plano FHC", diz. "Só um ingênuo não vê isso".
Jeha se diz preocupado com "desdobramentos imprevisíveis" das greves contra o Plano Real.

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