São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
Texto Anterior | Índice

Mutação em negras pode agravar câncer

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O câncer de mama nos EUA é mais mortal em negras do que brancas por fatores genéticos, sugere um estudo publicado hoje na revista "The Lancet".
Segundo os cientistas dos EUA, uma possível causa para a maior mortalidade nas mulheres negras é um defeito no gene que controla a multiplicação de células, chamado gene p53.
O p53 está envolvido na maioria dos cânceres humanos. Em sua forma normal, ele ajuda a evitar tumores, detendo a multiplicação de células.
Mas, quando partes do gene sofrem alteração (a chamada mutação), o defeito parece desencadear uma multiplicação desordenada de células, formando tumores.
Os pesquisadores da Clínica Mayo, em Rochester (EUA), estudaram 47 mulheres negras que tiveram câncer de mama.
Eles descobriram, nas células cancerosas dessas mulheres, 16 mutações diferentes do p53.
Comparando os dados com estudos anteriores, verificaram que uma classe de mutações (em que há troca de informação genética) era mais frequente em mulheres negras do que em brancas.
Um tipo específico da classe chegou a ser três vezes mais comum nas negras.
"Þsso levanta a possibilidade de que há um fator que contribui para a mutação e que é exclusivo ou mais frequente nessa população", escreveram os pesquisadores.
Em compensação, outros tipos de mutação eram menos frequentes nas mulheres negras.
Segundo os cientistas, diversas substâncias podem causar o tipo de mutação mais frequente nas mulheres negras.
Uma delas é o óxido nítrico, presente na fumaça do cigarro, na poluição atmosférica e em várias células do corpo.
Intestino
Quem é operado para retirar câncer no intestino grosso pode viver mais se for depois tratado com anticorpos (moléculas que defendem o organismo), diz outro estudo na mesma edição da "Lancet".
Pesquisadores da Universidade de Munique (Alemanha) fizeram estudo de 189 pacientes com câncer avançado no intestino grosso.
Após a remoção do tumor, metade dos pacientes foi tratada com anticorpos produzidos fora do corpo, projetados geneticamente para atacar células cancerosas.
Esses pacientes apresentaram, em um período de cinco anos, uma taxa de mortalidade 30% menor. A taxa de reaparecimento do tumor foi 27% menor.
O efeito benéfico foi mais notado naqueles cujo estado era mais grave.
"É o primeiro exemplo de um anticorpo que causa ganho de vida em um câncer comum de órgão", diz um comentário na revista.
Tratamento
Um terceiro estudo na mesma edição da "Lancet" sugere que a avaliação do efeito de drogas anticâncer está mais fácil.
Com a técnica de ressonância magnética nuclear (que produz imagens internas do corpo mais precisas que os raios X), médicos dos EUA afirmam ser possível ver se uma droga está mesmo combatendo a doença.
Com a técnica, eles conseguiram visualizar com razoável precisão a quantidade de droga que atinge o tumor e em que partes dele ela atua.
A ressonância magnética foi testada em 57 pacientes com vários tipos de câncer por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia e do Instituto Oncológico de Los Angeles (ambos na Califórnia).

Texto Anterior: Pesquisa questiona tese sobre evolução humana
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.