São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Senado dos EUA quer dar armas à Bósnia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O Senado dos EUA aprovou ontem duas resoluções com o objetivo de pôr fim ao embargo de armas contra a Bósnia.
Mas as duas medidas são contraditórias e os parlamentares tentavam, durante a noite, conciliá-las para que possam ser efetivas.
Ela força o presidente Clinton a solicitar apoio de seus aliados na Otan (a aliança militar ocidental) para a tese de que o embargo, imposto em 1991 pela ONU, deve acabar.
Na hora do almoço, também por 50 a 49 votos, foi aprovado projeto de lei do líder da oposição, Bob Dole, que suspende o embargo unilateralmente.
Clinton se diz contra o embargo. Na campanha presidencial de 1992, afirmou várias vezes que ele não deveria ter sido imposto.
Mas depois que chegou à Casa Branca, com o argumento de que não pode agir sem o apoio da Europa, Clinton nada fez para acabar com o embargo.
Grã-Bretanha e França temem que se a Bósnia puder se armar, o conflito na ex-Iugoslávia cause muito mais vítimas.
A Alemanha é a única potência européia com quem os EUA contariam no caso de resolverem agir sozinhos e levantar o embargo.
O senador John Warner, do Partido Republicano, de oposição, considerou as decisões do Senado "uma farsa" que mostra "como o Congresso é inapto quando quer tomar a liderança na condução da política externa".
A falta de orientação do governo dos EUA na crise da ex-Iugoslávia é um dos pontos da agenda de Clinton que mais lhe tem rendido críticas.
O sentimento anti-sérvio é muito forte na população norte-americana. Mas o receio de baixas militares dos EUA na ex-Iugoslávia também é grande.
O presidente Clinton reflete bem o dilema nacional e tem adiado, desde a posse em janeiro de 1993, qualquer decisão sobre o assunto.
Os opositores do embargo argumentam que ele é ilegal porque foi decidido quando a Iugoslávia ainda existia e injusto porque impede um povo soberano de se defender de ataques externos.
Os favoráveis ao embargo acham que ele previne maior mortandade e maior envolvimento dos EUA.
Também dizem que acabar com ele enfraqueceria o poder de ação da ONU em outras situações de crise.
(CELS)

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