São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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De olho nos juros, fundos ficam no dia-a-dia

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DE OLHO NOS JUROS, FUNDOS FICAM NO DIA-A-DIA

Os administradores dos fundos de investimentos já têm preparada a estratégia para fazer a travessia rumo à nova moeda, o real. Aplicar os recursos somente em títulos, inclusive públicos, de curto prazo.
"Estamos optando pelas BBCs (Bônus do Banco Central) em detrimento das NTNs (Notas do Tesouro Nacional)", diz Carlos Augusto Bandeira, do Bamerindus.
O objetivo é poder participar, como já definiu o diretor de investimentos do Citibank, Luís Eduardo de Assis, da "festa dos juros altos" do pós-real.
Em julho, há consenso no mercado, a inflação será baixa e os juros reais (descontada a inflação) dos mais altos do planeta.
Entre os fundos, o de commodities é a coqueluche. Alia rentabilidade e a possibilidade de saque diário após 30 dias de carência.
Em todos os bancos consultados pela Folha, o patrimônio destes fundos continua crescendo.
No Unibanco, por exemplo, segundo informou Marcelo Maneo, superintendente de investimentos, o patrimônio cresceu de US$ 260 milhões, em janeiro, para US$ 380 milhões, em maio.
No mesmo período e no mesmo banco, o fundão perdeu US$ 6 milhões e os de renda fixa, inclusive DI (Depósito Interfinanceiro), não tiveram variação expressiva.
Maneo diz que todos os fundos já vinham trabalhando com posições mais curtas. Ele prevê um cenário de transição relativamente tranquilo, já que as regras continuam sendo anunciadas com antecedência pelo Banco Central (BC).
A grande incógnita é ainda, segundo Fábio de Oliveira, administrador dos fundos do banco de Boston, como será feita a transição das taxas de juros.
Para ele, hoje o mercado ainda está funcionando em um "ambiente" dos cruzeiros reais. A transição começa mesmo só em junho.
Segundo as suas estimativas, a taxa-over terá de recuar de 59,5% a 59,7%, em 1º de junho, para algo próximo de 13%, em 1º de julho. Daria uma taxa efetiva de 9,5% para os 21 dias úteis de julho.
Mas a taxa básica diária para os fundos é a praticada no CDI (interbancário), que funciona antecipando em um dia o juro do over (títulos públicos).
Logo, no dia 30 de junho, se as expectativas de Oliveira estiverem corretas, a taxa-over do CDI será de 13%. "No acumulado do mês, o CDI pode ficar muito pequeno perto da URV", diz, para depois acrescentar que "o BC pode querer compensar isto".
(JCO)

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