São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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Brasileiro vê 'luta política'

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Brasileiro vê `luta política'
Os homossexuais brasileiros vêem a sua participação na Olimpíada Gay como parte de uma "luta política" contra a discriminação.
"Os Gay Games são mais uma festa para chamar a atenção do encontro dos homossexuais em Nova York. A competição é secundária", diz o militante gaúcho Célio Golin, 31.
"Existe muito preconceito no esporte. As pessoas não imaginam que um jogador de futebol possa ser homossexual. Eu, por exemplo, sempre joguei futebol muito bem", diz Golin.
O atleta é, em Porto Alegre, um dos coordenadores do grupo gay e lésbico Nuances, que luta pela "livre orientação sexual".
Professor de educação física, Golin está inscrito nos Gay Games nas provas de atletismo de 200 m e 400 m.
Já o piauiense Raimundo Pereira da Silva, 33, está inscrito para correr a maratona na Olimpíada Gay.
Ele nunca correu antes uma prova tão longa. "Estou treinando. Com certeza vou aguentar correr a prova toda", diz.
Silva integra o grupo gay carioca Atobá. Contra todos os preconceitos, também gosta de jogar futebol. "Dizem que sou um bom goleiro", afirma.
Silva e Golin devem contar com grande torcida em Nova York. O jornal gay carioca "Nós, Por Exemplo", editado por Silvio de Oliveira, está organizando a ida de uma comitiva de 30 brasileiros para os Gay Games.
O antropólogo Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia, não vai competir, mas também estará nos EUA na época dos Jogos defendendo a bandeira dos homossexuais brasileiros.
"Ao contrário do que disse Telê Santana, não existe nenhuma incompatibilidade entre a prática de esportes e a homossexualidade", diz Mott.
(MSy)

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