São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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Guerras tiram 5.000 pessoas a cada dia de suas cidades

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Durante todos os dias do ano passado, cerca de 5.000 pessoas tiveram que sair de suas cidades por causa de guerras, perseguições ou abuso dos seus direitos humanos.
As maiores operações de repatriamento incluíram 350 mil pessoas no Camboja e outros milhares na ex-Iugoslávia, Vietnã, El Salvador e Nicarágua.
Para os que não puderam ser repatriados, os Estados Unidos deram cidadania a 59 mil refugiados nos últimos três anos, o Canadá a outros 22 mil e a Autrália a 14 mil pessoas no mesmo período.
Além da Alemanha, que nos últimos dois anos já recolheu mais de 200 mil pessoas deslocadas pela guerra na ex-Iugoslávia, esses são os três países que mais recolhem refugiados atualmente.
A ONU considera refugiado "qualquer pessoa que esteja sendo perseguida por motivos raciais, religiosos, de nacionalidade ou de opinião política e que se sinta fortemente ameaçada em seu país de origem".
Definições à parte, o problema dos refugiados acabou se transformando nos últimos anos em um grande inconveniente para as nações desenvolvidas. Muitas acabaram simplesmente fechando as as portas para o ingresso.
Em 1992, os EUA interceptaram no mar 40 mil refugiados do Haiti, que deixaram seu país fugindo do governo militar imposto em setembro de 1991 pelo golpe que derrubou o presidente eleito Jean-Bertrand Aristide.
Eles foram conduzidos à base militar norte-americana de Guantanamo, em Cuba, e tiveram, segundo a ONU, "um exame inapropriado". Mais de 25 mil haitianos foram transportados de volta para o Haiti contra a sua vontade.
Em outras regiões, a ONU somente oferece uma ajuda financeira insuficiente e não vê qualquer possibilidade de assentamento em outros países.
No caso da Armênia e do Azerbaijão, por exemplo, a ajuda humanitária de US$ 6,4 milhões concedida durante o ano passado foi suficiente para aliviar a situação de apenas 145 mil pessoas, de um total de mais de 790 mil refugiados da guerra pelo controle da região de Nagorno-Karabakh.
(FCz)

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