São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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PSDB faz a convenção sem programa

INÁCIO MUZZI; VALDO CRUZ
ENVIADOS ESPECIAIS A CONTAGEM

O esboço de programa de governo divulgado pela assessoria do candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, não chegou a ser discutido na convenção. O documento diz que a queda definitiva da inflação demorará de dois a três anos.
O texto entregue foi elaborado pela assessoria de FHC. Antes de seguir para a convenção, realizada em Contagem no último sábado, o candidato revisou o documento. Isto acabou atrasando a sua chegada ao encontro.
O texto apresentado à imprensa servirá apenas como base para a discussão de um programa final de governo. O documento definitivo deve ser consolidado em agosto, depois de consultas a universidades e entidades civis.
O item do programa sobre o combate à inflação deixa claro o apelo de campanha do candidato. FHC pedirá aos eleitores que lhe confiem a execução da quarta fase do plano, como presidente.
FHC diz no programa que a queda definitiva da inflação somente deve ocorrer se o próximo governo assumir o compromisso de dar continuidade ao atual plano econômico, elaborado por ele quando ministro da Fazenda.
O texto faz críticas veladas à posição de Lula, candidato do PT, contrária ao acordo da dívida externa, assinado por FHC. A intenção de revisão do acordo por parte do PT é classificada como resultante de uma falta de conhecimento de causa.
Além de destacar o programa de estabilização econômica, a lista de prioridades de FHC fixa como pontos cruciais para uma ação do governo as questões do desemprego, saúde e educação.
A criação de empregos é vinculada ao combate à inflação, à difusão da educação como fator de qualificação de mão-de-obra, à modernização da agricultura e à desoneração da folha de salários com os encargos indiretos.
Além de agradar aos empresários, ao falar da queda dos encargos salariais, o programa acena para o bom convívio com os produtores rurais. Fala em reforma agrária seletiva, sem explicar do que se trata, mas enfatiza a importância da produção agrícola.
Os problemas do Nordeste não mereceram destaques específicos, mas fica enfatizada a prioridade que FHC pretende dar aos programas de irrigação.
Os investimentos em saúde pública, prejudicados pela obsessão da equipe de FHC no Ministério da Fazenda de combater o déficit público, também merecem atenção.
O candidato quer que o Congresso defina uma fonte de receita para a saúde, independente dos recursos da Previdência Social. Esta medida seria adotada num processo de revisão constitucional, que FHC define como essencial.

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