São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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McDonald's redefine negócios

MARCELO CHERTO; MARCUS RIZZO

MARCELO CHERTO e MARCUS RIZZO
Nas visitas que fizemos há poucos dias às sedes mundiais da Coca-Cola International (em Atlanta, Georgia) e da McDonald's Corporation (em Oak Brook, Illinois, pertinho de Chicago), tivemos o privilégio de assistir a duas empresas que são líderes absolutas nos respectivos campos de atuação em pleno processo de reengenharia e de redefinição de seu negócio principal.
Ao contrário do que se passa com a Burger King, que por sinal também está em plena reengenharia e resolveu se concentrar, daqui para a frente, no negócio de fazer e comercializar hamburgers, o McDonald's chegou à conclusão de que seu negócio é muito mais do que apenas sanduíches: é comida. E comida somada a conveniência, ou seja: de fácil acesso.
Isso quer dizer que o McDonald's, ao menos no que se refere ao mercado norte-americano, decidiu disputar uma fatia da fome e/ou da vontade de comer (que são coisas muito diferentes) de cada cliente, esteja ele onde estiver e seja a hora que for. O propósito da empresa é, a médio prazo, estar a no máximo quatro minutos de distância de qualquer cliente que esteja nos Estados Unidos.
Vamos imaginar uma cena, tal como a que nos foi sugerida por um dos diretores da corporação: um casal de namorados está na praia, num domingo de manhã, e tem vontade de detonar um lanchinho. Pode haver uma lanchonete McDonald's a duas quadras dali, do outro lado da avenida. Porém, para chegar até ela os carinhas teriam que calçar seus chinelos, abandonar seu espacinho na areia, conseguido a duras penas, vestir uma camiseta, atravessar o asfalto quente e caminhar algumas centenas de metros. Falando sério: quem, dentre os leitores, se meteria nessa barca, por mais que seja apreciador do Big Macs da vida?
Mesmo que se pensasse em intalar um quiosque para vender hamburgers na areia, dificilmente haveria disponibilidade de energia elétrica a um custo razoável, que permitisse a instalação de grelhas e fritadeiras. Na praia, o máximo que dá para se fazer é colocar um carrinho de pipocas, ou de cachorro quente, não é isso mesmo?
Por que, então, não vender pipoca, amendoim ou cachorro quente com a marca e a qualidade McDonald's?
Para que o leitor não pense que isso é pura imaginação, tivemos a oportunidae de levar mais de 40 alunos da Franchising University para almoçar no restaurante que o McDonald's mantém no piso térreo do Edifício McDonald's Plaza, em Oak Brook, onde se localiza sua sede global. Ali normalmente só comem funcionários e convidados da empresa. É nesse restaurante que são feitos os testes finais dos produtos que mais tarde serão incorporados ao menu das demais lojas da rede.
Pois quem esteve lá conosco pode confirmar que já fazem parte do cardápio daquela unidade produtos como pipoca (servida somente após as 14 horas), cookies grandes de chocolate e de aveia com passas, feitos na hora (deliciosos, por sinal), cenoura crua cortada em tirinhas e servida dentro de um copinho de plástico (da mesma forma que nos McLanches Felizes servidos à bordo dos aviões da United que voam para DisneyWorld) e outras coisinhas do gênero. A cenoura, aliás, pode ser muito saudável, mas é de uma falta de graça do cão.
Na próxima 2ª feira falaremos do novo negócio da Coca-Cola, que atualmente já vende bem mais do que apenas refrigerantes. Aguardem.

MARCELO CHERTO e MARCUS RIZZO são diretores da Cherto & Rizzo Franchising e do Instituto Franchising, professores da FGV e da Franchising University, escritores e conferencistas.

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