São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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Vôlei movimenta US$ 50 mi e abre para o licenciamento

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

"Sinhá", a mascote do Campeonato Mundial de Vôlei Feminino, que o país vai sediar em outubro, começa a ser licenciada para várias linhas de produtos.
É a primeira vez que o símbolo do campeonato mundial, realizado a cada quatro anos, será explorado em publicidade: de material escolar, brindes e camisetas. Serão cobrados "royaltis" de 10% sobre os volumes comercializados, de acordo com a Sportsmedia, agência carioca que detém os direitos de comercialização.
O licenciamento de produtos de ligas esportivas prospera nos EUA e registra crescimento médio de 50% anuais nesta década. Ultrapassou US$ 5 bilhões em 93.
No Brasil, só recemtemente os anunciantes descobriram a potencialidade do vôlei, um esporte que atrai público jovem, na faixa de 15 a 25 anos.
"O marketing esportivo ainda está na idade da pedra", diz Leonardo Gryner, diretor da Sportsmedia. Apesar disso, o vôlei movimentou US$ 50 milhões no ano passado.
A cifra computa os investimentos de empresas que patrocinam equipes (como o Leite Moça, da Nestlé e a Parlamat), transmissões de jogos e campanhas publicitárias.
O Banco do Brasil, principal patrocinador, vai gastar US$ 75 milhões em campanhas este ano, mas não revela o montante que será destinado à modalidade.
A diretoria de marketing alega ser uma questão de confidencialidade. Trata-se de um "dado estratégico" que o banco não quer dividir com a concorrência.
A instituição aposta no vôlei desde 1990, quando uma pesquisa apontou que sua imagem era vista como "pesada e envelhecida".
A maioria dos clientes estava na faixa de 50 a 65 anos. O levantamento do ano passado constatou que 44% dos jovens se mostravam interessados em abrir contas.
Para fazer "embaixada" com suas agências no exterior, o BB comprou uma cota da Liga Mundial de Vôlei, ao lado da Nec japonesa e da coreana Hyundai.
Para promover a competição, transmitida por 23 emissoras a 67 países, a Liga despende US$ 9 milhões, dos quais 60% são cobertos com venda de cotas.
O patrocínio dos jogos da seleção brasileira, com direito a placas gigantes nos estádios, rendeu à organização do evento cifra superior a US$ 1 milhão.
"Fomos informados que o crescimento da participação de mercado da Skol coincide com seus investimentos no vôlei", diz Gryner, da Sportsmedia.
Procurados, sexta-feira passada, para confirmar a informação, os responsáveis pelas áreas de comunicação e marketing da cervejaria não foram localizados.
A Anakol, dona da marca Kolynos, assinou contrato para instalar balões na área externa dos ginásios brasileiros e distribuir amostra-grátis para a torcida.
"Empresas alojam seus clientes em hotéis, oferecem camarotes e aproveitam para fazer convenções", diz Gryner.
Estandes de degustação ou demonstração de novos produtos e a captação de cadastro dos torcedores para database (banco eletrônico de dados) são atividades que também serão incentivadas por ocasião dos jogos.
Segundo Gryner, os investimentos mercadológicos do vôlei saem da rubrica "promoções". Ou seja, saldo de verba das campanhas de TV, "quando deveriam ser encarados como parte integrante da estratégia das marcas".
"No Japão os investimentos com vôlei movimentam US$ 500 milhões", afirma o publicitário. "A prática do esporte é obrigatória nas escolas".
Experiências com licenciamento envolvendo os astros vêm sendo feitas pela Mesbla (com a grife Maurício) e a Tilibra, fabricante de cadernos.
Segundo dados da Sportsmedia, o lançamento de uma linha com o nome de Giovane fez a tiragem de um ano esgotar-se em apenas três meses. também batiza uma grife de meia da Aço.
O ídolo da torcida feminina aparece em comerciais do desodorante Rexona, enquanto seu colega Tande estréia os filmes do iogurte Dan'Up.
Uma campanha institucional para alavancar ainda mais o esporte, assinada pela marca de tênis Olympicus, da Azaléia, está sendo veiculada na TV e consome US$ 500 mil. Slogan do videoclip: "Saque o Vôlei".

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