São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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Fiat não teme explosão de consumo a partir do real

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria automobilística não precisa temer uma eventual explosão de consumo provocada pela criação do real e queda da inflação.
As fábricas têm condições de aumentar rapidamente a produção e atender à demanda por mais automóveis.
A afirmação é do engenheiro Pacifico Paoli, 50, superintendente da Fiat Automóveis, segunda maior montadora do país, em entrevista exclusiva à Folha.
"Se existe mercado, a capacidade de adequação da indústria é muito elevada".
Para Paoli, que está no comando da montadora desde junho de 90, "uma fábrica que faz mil carros, se precisar também faz 1.200".
Ele acredita que o Plano Real, "na teoria", é bom para quem produz. "Os recursos que hoje tomam o caminho da especulação voltarão para o setor produtivo".
A Fiat foi a montadora que registrou maior crescimento no primeiro quadrimestre de 94.
Enquanto o setor como um todo cresceu 27%, as vendas da Fiat cresceram 55,7%. Para Paoli, o segredo do sucesso da Fiat é a "flexibilidade".
A empresa, que terminou 93 com 23% de participação de mercado, tem agora 25,9%. Embora diga que "fazer previsões dá azar", Paoli admite chegar a 30% no final de 94.
O faturamento líquido, de US$ 2,6 bilhões em 93, deve crescer entre 25% e 30% este ano. Os planos de investimento –US$ 200 milhões por ano– estão mantidos.
A Fiat continua aumentando a capacidade de produção de sua fábrica. De 89 até este ano, a produção passou de 800 para 1.400 carros por dia, " equivalente a duas fábricas iguais às que a General Motors está querendo construir", diz Paoli.
Até 96 o objetivo é chegar a 1.700 por dia. "Mais uma GM e sem falar com nenhum governador", afirma Paoli sorrindo.
Paoli acredita que é "honesta" a posição das fábricas que reivindicam um aumento no preço dos carros "populares". Segundo ele, houve aumento de custos, provocado pelo reajuste salarial concedido aos metalúrgicos.
"Mas se o governo não quiser renegociar, paciência, o acordo deve ser cumprido", diz. Ele define sua posição sobre os preços como "mineira".
Paoli disse que a Fiat tem "planos concretos" para produzir o Tipo no Brasil. Mas isso só vai ocorrer se forem estabelecidas barreiras à importação ou se houver capacidade ociosa na fábrica.
A seguir, trechos da entrevista:

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