São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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Comédia tenta repetir sucesso nos EUA

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

O filme inglês "Quatro Casamentos e um Funeral" estreou na última sexta em Londres após faturar, até agora, mais de US$ 20 milhões nos EUA, onde liderou a bilheteria de cinema por mais de duas semanas.
A imprensa inglesa atacou o fato de o filme ter estreado antes na nos EUA e até na Austrália.
O sucesso do outro lado do Atlântico deve tornar o filme o maior sucesso de bilheteria da história do cinema inglês.
E ele custou só US$ 4,5 milhões. Uma produção média em Hollywood não sai por menos de US$ 20 milhões.
O filme se passa, quase todo o tempo, nas cinco cerimônias do título. O enredo gira em torno de um grupo de amigos de trinta e poucos anos e a ansiedade de encontrar "o par perfeito".
A exceção é Charles, o britânico reprimido que se apaixona pela americana atirada Carrie, interpretada pela ex-modelo Andie MacDowell.
Charles é interpretado pelo inglês Hugh Grant, 33, visto no Brasil em "Maurice", de James Ivory, e como o marido yuppie e de novo reprimido de "Lua de Fel", de Roman Polanski.
Grant tornou-se ídolo instantâneo nos EUA. Recebe 200 cartas por semana, foi comparado a Cary Grant (nenhum parentesco) pelo "New York Times" e tornou-se o favorito para ser o novo James Bond.
Com os dois pés na alta classe-média britânica retratada pelo filme, Grant está bem à vontade no papel.
Há teorias até de que ele, junto com o americano Tom Hanks, representa o novo modelo de estrela masculina dos 90.
Menos atlético, com mais humor, sem os músculos dos astros de ação dos 80 (Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, Tom Cruise, Kevin Costner etc).
"Quatro Casamentos" teve uma estréia discreta nos EUA e cresceu com a propaganda boca-a-boca. Ajudou também uma forma inusitada de marketing, que premiava casais que fossem vestidos de noivos aos cinemas.
O filme tem tudo que agrada ou interessa aos estrangeiros (mais acentuadamente os americanos) em relação aos britânicos. O humor, a sofisticação, os modos reprimidos, a nobreza.
O diretor Mike Newell (de "Dançando com um Estranho") explora bem também as gags do roteiro original de Richard Curtis.
O filme tem um aparente ar de superficialidade. Ninguém aparece trabalhando ou fazendo algo "sério". Estão todos quase sempre arrumados, fofocando e pescando companheiros de altar nas cinco cerimônias.
Mas, para quem procura profundidade, o filme discute a loteria do casamento: o dilema de casar por medo da solidão, para arrumar um companheiro solidário e fiel, ou enfrentar os perigos da paixão.

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