São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Escritora era má e maravilhosa

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

A escritora americana Dorothy Parker não era uma mulher engraçada. Irônica e afiada, com certeza. "Witty", como os americanos definem uma pessoa com a rara capacidade de ser, enfim, maravilhosamente malvada com as palavras. Assim foi Dorothy.
Nascida Rotschild (o Parker ficou como herança de um de seus casamentos), a escritora, poeta, e crítica teatral, veio ao mundo em 1893, quando a América se preparava para dar adeus ao século 19. E como toda garota (ao menos garotas do seu tempo), resolveu que gostaria de escrever poesia.
Só que o resultado não foi o que se podia esperar de uma garota bem-comportada. Em seus poemas, quase que invariavelmente, havia um caso de amor sendo rompido. Mas, ainda assim, serviram para torná-la famosa ainda aos 20 anos.
A Dorothy Parker que todos amavam odiar surge quando ela se torna crítica de teatro e literatura das revistas "Vogue", "Vanity Fair" e "New Yorker" durante os anos vinte.
O que a levou a conhecer –e enfrentar– críticos e escritores como Lillian Hellman, F. Scott Fitzgerald (e sua doida mulher Zelda) e ainda George S. Kaufman e Edmund Wilson.
Apesar dos companheiros, ela nunca gostou muito da definição dada por Gertrud Stein para a geração de americanos que estavam, depois da Primeira Guerra Mundial, preocupados com literatura, álcool e diversão. A chamada geração perdida.
Jovens que nos EUA daquele tempo só tinham duas saídas: viver em Paris ou passar os dias no bar do hotel Algonquin, em Nova York. Entre partir e ficar, miss Parker preferiu o bar.
E, agora que o cinema resolveu transformá-la em personagem, o leitor brasileiro tem a segunda chance de conhecer Dorothy (a editora Companhia das Letras relançará a coletânea "Big Loira e Outras Histórias" em julho, com algum material inédito). Talvez se descubra quem realmente era ela. Um coração partido.

Texto Anterior: Hartley prossegue subversão
Próximo Texto: Daniel Boone; PS; Confort; Arruda; Lancheira; Tabasco
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.