São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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Procuradoria diz que testemunha decifrou código de livro de Castor

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria-Geral de Justiça do Rio informou ontem que tomou depoimento de uma "testemunha-chave" que comprovaria a autenticidade dos livros-caixa apreendidos na fortaleza do bicheiro Castor de Andrade em Bangu.
Segundo o procurador Antônio Campos Moreira, a testemunha indicou como era feito o pagamento das propinas, reconheceu os códigos de contabilidade nos livros e até a letra do contador de Castor.
A testemunha, segundo a procuradoria, deu novos nomes que estariam ligados à contravenção.
Entre eles, os do juiz de Angra Nicolau Cassiano Neto, do comerciante Haroldo do Vale, também de Angra, e de mais um juiz.
Novos livros de contabilidade do bicho também foram apresentados pela testemunha, segundo o Ministério Público.
Ela não teve a identidade revelada e está sob proteção da Justiça.
Moreira, chefe de gabinete da procuradoria, disse que a testemunha tem "ligações íntimas, de infância", com Castor.
Até 89, a testemunha trabalhava para Castor, afirmou. Ela teria exercido várias funções no jogo e chegado até a participar nos lucros. Depois, teria se ligado a outros bicheiros. No depoimento, disse que estava ameaçada de morte e que por isso procurou o MP.
Os nomes de policiais e políticos que aparecem nos livros foram confirmados pela testemunha.
O promotor afirmou que a testemunha falou do envolvimento dos bicheiros com homicídios, e não descartou a possibilidade da conexão entre o jogo, o tráfico de drogas e o contrabando de armas.
Ele disse achar "pouco provável" que a testemunha tenha sido mandada pelos bicheiros para confundir a investigação.
A testemunha depôs na quarta-feira ao Ministério Público e ao desembargador Gama Malcher, relator das denúncias contra os juízes no Órgão Especial do TJ.
Ela deverá ser ouvida mais uma vez no TJ, na investigação contra 63 civis e 45 PMs denunciados.

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