São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994 |
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Cartilha orienta doente a partir
AURELIANO BIANCARELLI
Segundo o documento, os médicos japoneses estão recebendo uma cartilha com frases em português para orientar pacientes brasileiros que não falam inglês nem japonês. Uma das frases diz: "É melhor você voltar logo para seu país." No ofício encaminhado ao Itamaraty, o deputado lembra que o trabalhador que paga o seguro-saúde no Japão tem direito a 60% de seu salário quando cai doente. Em caso de invalidez ou morte, a família é indenizada. No entanto, se a morte ocorrer fora do Japão, a vítima perde o direito. Só na Clínica São Francisco Xavier, de Campos do Jordão, mantido pela comunidade japonesa, já passaram 18 dekasseguis que chegaram do Japão com tuberculose. O Consulado do Japão em São Paulo informou que a cartilha recebida pelos médicos é uma publicação de entidade médica que visa facilitar a comunicação com os pacientes estrangeiros. Segundo o serviço de imprensa do consulado, o governo não interfere na relação das empresas com os trabalhadores. Segundo este porta-voz, "muitas vezes a cura só será possível com a volta ao país". Segundo o psiquiatra Décio Nakagawa, que trabalha com dekasseguis, o governo japonês deveria investir na criação de infra-estrutura que permitisse o tratamento do trabalhador no Japão. A situação dos brasileiros no Japão também interessa à CUT (Central Única dos Trabalhadores). Um dos temas do 5º Congresso é a criação de um escritório da central em Tóquio. Os números chamam a atenção. Segundo censo realizado pela Fundação Toyota, havia 150 mil brasileiros no Japão em 91. Desde 1989, o médico Tohoru Watru –há 13 anos morando no Japão– vem acompanhando a situação dos brasileiros naquele país. Ele e o jornalista Willian Kimura preparam um livro sobre a epopéia dos dekasseguis brasileiros. (AB) Texto Anterior: Brasileiros se sentem perseguidos no Japão Próximo Texto: A condenada Índice |
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