São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Governo amplia estoques de arroz e milho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai aumentar seus estoques reguladores de arroz e milho para garantir o abastecimento quando for implantado o real. A informação foi dada ontem pelo ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, antes de reunião com seus assessores.
"Eu não espero nenhuma explosão de consumo. Mas acho que algum aumento vai se dar no terreno da alimentação. A solução, evidentemente, não é desestimular o consumo, mas assegurar o abastecimento", afirmou.
Ricupero acredita que as pessoas de renda mais modesta serão beneficiadas de imediato com o real. "Elas vão ter uma propensão a consumir mais alimentos", disse. Agora, afirmou, é o momento de formar um bom estoque.
Os estoques de arroz estão hoje entre 600 mil e 700 mil toneladas, segundo estimativa de Ricupero. "Acho que tem de ser mais e já pedi estudos ao Banco do Brasil", afirmou. Ricupero disse que o governo não vai importar alimentos.
"Eu não penso em importações. Mesmo porque não creio que o mercado internacional tenha grandes ofertas de arroz", disse o ministro. Segundo Ricupero, a preocupação do governo hoje é apenas com os estoques de arroz e milho.
Pré-datados
Ricupero afirmou que o governo ainda não definiu se acaba com a Ufir (Unidade Fiscal de Referência) em julho. "Vamos manter absoluta coerência. Não haverá regras diferentes para os contratos privados e para os métodos que o governo usa para acompanhar a evolução tributária".
A compensação dos cheques emitidos em cruzeiros reais a partir de julho, quando for criado o real, deverá ter um prazo maior do que os 15 dias previstos para a trocada do cruzeiro real pela nova moeda.`
"Estamos pensando num prazo maior para os cheques, mas não será muito maior", afirmou o ministro. Segundo ele, todo mundo já sabe que a moeda a partir de 1 de julho será o real.
O governo também não espera fuga das aplicações financeiras. "Não acredito que haverá um grande abandono das aplicações porque as pessoas sabem que a poupança vai ter assegurada a mesma rentabilidade", disse.
Ricupero disse que já pediu aos bancos para que expliquem em suas propagandas normais que os poupadores não vão perder com o real. Haverá apenas o fim da ilusão monetária provocada pelo fim da inflação, afirmou.
A partir de junho, o governo deve anunciar as regras para emissão do real. Depois que tudo estiver definido, será enviada ao Congresso Nacional uma MP (medida provisória). A reunião realizada ontem não seria conclusiva, disse Ricupero no começo da tarde, antes de participar da reunião.

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