São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Se o país crescer, pode ficar sem luz

JORGE FREITAS
DA SUCURSAL DO RIO

Falta dinheiro para investimento público em energia elétrica.
A médio prazo, há risco de déficit de energia nas grandes cidades brasileiras, principalmente se o país sair da recessão econômica.
Quando a economia voltar a crescer haverá sobrecarga de consumo que não será atendida pela oferta de energia das usinas hidrelétricas e térmicas.
Para atender o crescimento anual do mercado brasileiro de energia –em média de 4% a 6% ao ano–, são necessários investimentos anuais de US$ 6 bilhões.
Mas no ano passado, a Eletrobrás, empresa do governo, investiu US$ 1,4 bilhão em lugar dos US$ 2,3 bilhões previstos.
A expansão do consumo de energia elétrica é superior ao crescimento da produção de riquezas de um país pobre como o Brasil.
Em l992, enquanto o produto interno bruto (PIB) caiu 0,9%, o consumo de energia cresceu 3,9%.
Se o país não constrói usinas, falta energia elétrica para atender novas ligações residenciais, industriais e comerciais.
O Brasil utiliza 20% de seu potencial hidrelétrico. Mas para explorar os restantes 80% terá que utilizar cachoeiras e quedas de água distantes e que tornam muito caras as obras de novas hidrelétricas e a transmissão de energia.
Está previsto o esgotamento do potencial hidrelétrico do País.
O encarecimento das hidrelétricas será provocado também pela necessidade de controle ambiental das obras, que se caracterizam pelo alagamento de grandes regiões, deslocamento de populações e destruição da flora e da fauna.
Os cenários montados pela Eletrobrás indicam a necessidade de que o Brasil comece a aproveitar o potencial hídrico da Amazônia, na Bacia do Xingu entre 2005/2010.
Em 2011, a Eletrobrás prevê que o Brasil terá que consumir energia térmica, em grande escala, inclusive a gerada por usinas nucleares, carvão, gás natural e de fontes como o sol e os ventos.
Hoje, o Brasil tem 96% da eletricidade gerada de fontes hidrelétricas. O restante vem de fontes térmicas, de energia nuclear e de carvão mineral.
A usina de Angra I abastece 20% das necessidades de consumo do Rio de Janeiro. Angra I frequentemente tem problemas técnicos e é desligada. A usina nuclear opera com 50% de sua capacidade de 326 megawatts (MGw).
Empresa de economia mista, subordinada ao Ministério de Minas e Energia, a Eletrobrás é responsável pela execução da política nacional de energia elétrica.
A Eletrobrás planeja, financia, coordena e supervisiona os programas de construção, ampliação e operação dos sistemas de geração, transmissão e distribuição.
O sistema Eletrobrás é composto pela Eletrobrás e suas controladas regionais Eletronorte, Chesf, Furnas e Eletrosul, que são geradoras e transmissoras de energia.
A privatização de outras empresas do setor elétrico será iniciada com a concessão a capitais privados de direitos de auto-geração e de distribuição de energia.
Mas essa nova fase do setor elétrico depende da aprovação pelo Congresso da Lei da Concessão de Serviços Públicos, que evoluiu de um projeto do então senador Fernando Henrique Cardoso.
A Eletrobrás tem dívida externa de US$ 11,42 bilhões.
O dinheiro foi utilizado na construção de obras de hidrelétricas e no projeto nuclear.
O Brasil opera Angra I, comprada dos Estados Unidos. Mas das duas usinas compradas da Alemanha, apenas um será concluída,a de Angra II.

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