São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Belgas são "sólidos" , mas time é veterano

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Belgas são `sólidos', mas time é veterano
Esquema requer jogadores jovens
A seleção da Bélgica parte para o Mundial como cabeça-de-chave. No grupo dela, jogarão meus compatriotas holandeses e as débeis seleções de Marrocos e Arábia Saudita.
Por isso, os belgas têm assegurada de antemão sua passagem para a fase seguinte. A partir daí, quem sabe o que acontecerá?
O time de Paul Van Himst se caracteriza por uma boa disposição tática e excelente colocação no terreno de jogo. É dessas equipes sólidas, compactas, pouco espetaculares, mas muito práticas.
Trata-se de um time feito para contra-atacar, para jogar recuado.
No entanto, muitas dúvidas me invadem. Para jogar no contra-ataque, é necessário um meio-campo que pressione muito, com homens trabalhadores e muito honrados, preparados para o sacrifício.
A Bélgica tem esses homens, mas a maioria deles, de grande experiência internacional, passam dos 30 anos.
Van der Elst já tem 33, Staelens, 30, De Wolf, 36, e Scifo, cérebro da equipe e, por isso, o que corre menos, é o mais jovem dos meio-campistas, com 28 anos.
O forte ritmo de jogo que podem imprimir os holandeses, por exemplo, pode romper esta equipe.
Nos EUA, além disso, fará muito calor e o trabalho no gramado, no final, cansa duas vezes mais que na Europa.
A Bélgica tem, além disso, outros veteranos ilustres, como o goleiro Preud'Homme, 34, ainda sem substituto no país; o lateral convertido em líbero Grun, 32, que, no Parma, conseguiu grandes êxitos na Europa, ou os atacantes Czerniatynski, Nilis e Degryse, de grande experiência, inclusive em Copas anteriores.
Dificilmente a Bélgica perderá o rumo durante uma partida. Em um Mundial é muito importante não perder os nervos, jogar com tranquilidade e esperar o momento de surpreender.
Seu 5-3-2, no entanto, pode traí-la. A concessão de espaços, a retranca e a tentativa de aproveitar o domínio do rival, evitando ficar com a bola, podem sair pela culatra: quem domina a bola com eficiência costuma criar mais oportunidades.
O holandês Johan Cruyff, técnico do Barcelona, tetracampeão espanhol, escreve aos domingos, terças e quintas.

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