São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Sem-teto não sabe por que está na rua

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Antonio H. Thomas é um típico sem-teto americano. Pede dinheiro, vive "nos cinco cantos da cidade" e parece ter algum problema mental –assim como um terço dos desabrigados do país.
Ele não sabe quantos anos tem e não se lembra se veio de Cuba com a família ou se nasceu nos EUA. Não carrega documentos.
Cheirando a álcool e praguejando muito, Thomas deu entrevista à Folha na última segunda-feira.

Folha - Como o sr. foi parar na rua?
Antonio H. Thomas - Não me lembro bem. Eu tinha mãe e morava no Brooklin. Briguei muito. Fui parar na rua. Isso faz tempo. Hoje vivo nos cinco cantos da cidade.
Folha - Como o sr. passa os seus dias?
Thomas - Como todo mundo, por aí. Às vezes durmo naquela praça (apontando para onde estão outros sem-teto). Peço dinheiro. Me dê US$ 10 pela entrevista.
Folha - O sr. nunca vai para abrigos públicos?
Thomas - Esses lugares me dão medo. Já ví coisas horríveis. A rua é mais agradável. É preciso apenas cuidado.
Folha - Como o sr. fez isso no olho (Ele tem o olho esquerdo inchado e parece não enxergar)?
Thomas - Bateram em mim. Não quero falar sobre isso. Mê dê US$ 10, por favor.
(FCz)

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