São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994
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Debate sobre universidades vira 'batalha de índices'

DA REDAÇÃO

Debate sobre universidades vira `batalha de índices'
O debate "A greve nas universidades estaduais paulistas", realizado sábado na Folha, reproduziu o impasse que tem marcado as negociações salariais.
Os dados do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) mostram um comprometimento do orçamento de 90% com os salários de maio –na média das três instituições. Isso, com o aumento real já proposto de 8%.
Já o Fórum das Seis –que reúne entidades de professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp– tem dados que apontam comprometimento de 77% do orçamento com a folha de pagamentos neste primeiro semestre.
Com isso, dizem os representantes do Fórum, seria possível dar o reajuste reivindicado de 27% de aumento real, sem comprometer –na média do ano– o orçamento das instituições.
Os reitores discordam: um aumento maior do que 8% inviabilizaria as universidades.
A discrepância dos dados se deveria ao uso de diferentes indexadores da inflação –IPC-Fipe (reitores) e ICV-Dieese (grevistas).
Outro problema apresentado pelas reitorias é que as universidades não têm como calcular o reflexo da implantação do real sobre a arrecadação do ICMS.
É da cota de 9% do ICMS líquido que as três instituições tiram a maior parte de seus recursos.
No caso da arrecadação do ICMS cair com o plano econômico, o orçamento também diminuiria e a folha de pagamentos –já convertida em URV– poderia ultrapassar 100% do orçamento.
O Cruesp considera adequado para a administração das universidades que a folha de pagamento não ultrapasse 85% do orçamento –o que já está ocorrendo, segundo seus dados.
O debate reuniu representantes dos setores técnicos dos "dois lados".O Cruesp foi defendido por Flávio Pinheiro (Unesp), Antonio Duarte (Unicamp) e Hélio da Cruz (USP), todos ligados ao setor de planejamento orçamentário das respectivas reitorias.
O Fórum das Seis enviou diretores das associações de docentes: Francisco Miraglia (USP), Luiz Carlos de Almeida (Unicamp) e Emanuel Woisky (Unesp).
O debate, que durou duas horas, foi mediado pelo jornalista Fernando Rossetti e teve um público de 130 pessoas.
Ontem, o Cruesp divulgou um comunicado no qual afirma que, durante o debate, "um dos representantes das entidades admitiu publicamente que a reivindicação de aumento de 37% em URV nos salários de maio deste ano (...) pressupunha que as universidades obtivessem o aumento da cota-parte do ICMS de 9% para 11%".
No debate, os representantes do Fórum disseram que "quando as assembléias discutiram 37% de reajuste, vinha acoplada a questão do aumento de dotação das universidades estaduais paulistas".

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