São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994
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Procurador reabre o caso do Césio 137 em Goiás

PAULO YAFUSSO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Erramos: 02/06/94

Diferentemente do que foi dito em texto, o número correto de pessoas contaminadas com o Césio 137 em Goiânia é 67. Procurador reabre o caso do Césio 137 em Goiás
O procurador de Justiça de Goiás, Sulivan Silvestre de Oliveira, 30, reabriu ontem as investigações sobre o acidente com a cápsula do Césio 137 em Goiânia. O acidente aconteceu em 87 (veja texto ao lado).
Oliveira determinou a realização de novas diligências para apurar denúncias de que houve negligência e coação de testemunhas durante apuração do caso.
O procurador instaurou inquérito civil público depois de assistir reportagem sobre o assunto no programa "Domingo Dez", anteontem na TV Bandeirantes.
O procurador afirmou que tem cópia de uma notificação judicial, em que o sócio do Instituto Goiano de Radioterapia, Amaurillo de Oliveira, alerta o governo do Estado, dois anos antes do acidente, de que os raios gama emitidos pelo Césio 137 eram perigosos e poderiam colocar a população em risco em caso de acidente.
A cápsula de Césio 137 que causou a tragédia era de um dos equipamentos do Instituto Goiano de Radioterapia.
A notificação teria sido enviada, segundo o procurador, porque o governo exigia a mudança do instituto para outro local em um prazo curto. A área havia sido adquirida pelo Estado e Amaurillo de Oliveira pedia mais tempo para mudar o hospital.
O instituto mudou, mas deixou as cápsulas de Césio 137 no local. Elas foram recolhidas pelo dono de ferro-velho Devair Alves Ferreira.
O procurador se baseará na passagem da reportagem de TV que acusa o ex-governador Íris Rezende (PMDB) de ter adquirido a área com preço superfaturado.
Rezende foi notificado a prestar informações ao Ministério Público no dia 15 de junho.
Ele não foi localizado ontem pela Agência Folha em seu comitê eleitoral (ele é candidato ao Senado).
Sulivan Oliveira disse que quer saber também porquê o coronel-médico Vasco Martins Cardoso ficou preso na Polícia Militar, por ordem do ex-governador de Goiás, Henrique Santillo.
Cardoso disse ontem que ficou preso durante 30 horas e teria sido liberado diante da pressão da imprensa.
Cardoso declarou que ontem à tarde o ministro da Saúde, Henrique Santillo, lhe telefonou e disse que não se lembrava de ter mandado prendê-lo.
Ele disse que foi preso porque reclamou de que soldados da PM não deixaram Amaurillo de Oliveira retirar equipamentos.
O procurador Oliveira disse que pretende convocar o ministro Santillo a depor após ouvir o coronel Vasco Cardoso, convocado no próximo dia 9.

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