São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994
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Público nunca foi a jogo de futebol

FERNANDO RODRIGUES; MÁRIO MAGALHÃES
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Grande parte da torcida brasileira que frequenta os treinos da seleção nunca foi a um jogo. O público se comporta como se estivesse num ginásio de competições esportivas colegiais.
A maioria grita palavras-de-ordem pueris, se comparadas com os gritos dos estádios de futebol. Muitos nunca assistiram ao vivo a uma partida de futebol.
Raros são os que berram palavrões. O que mais se ouve é um grito de incentivo popular nas escolas de todo o Brasil:
"Passou, passou, passou um avião, e nele estava escrito que o Brasil é campeão."
Três estudantes radicadas nos EUA que pintam o rosto com motivos brasileiros para assistir aos treinos nunca foram a um estádio ver futebol.
A carioca Samantha Nogueira, 18, morou até há dois anos na Tijuca, bairro do Rio onde fica o Maracanã, mas nunca entrou lá. Só no ginásio do Maracanãzinho, para ver show da banda Faith No More.
Torcedora do Fluminense, não ia a jogos porque a mãe, com medo de violência, acha perigoso. Mora há dois anos em Santa Clara, cidade onde o Brasil treina.
Já combinou com amigos que levará uma faixa para a partida entre Brasil e Camarões, dia 24: "Bota vodca neles, que camarões, só fritos."
A lembrança de futebol mais forte na memória da cearense Helena Quixadá, 16, é a Copa do Mundo de 90, que ela acompanhou pela televisão.
Comprou ingresso para a estréia do Brasil, dia 20 contra a Rússia. Antes só fora a estádio em Fortaleza (CE), assistir a exibições dos grupos de rock Information Society e A-Ha.
(FR e MM)

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