São Paulo, quinta-feira, 2 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Real chega em 1º de julho valendo US$ 1

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, disse ontem que a partir de 1 de julho, quando o real substitui o cruzeiro real como moeda, R$ 1 vai valer US$ 1 por tempo indeterminado.
A emissão do real será garantida por parte das reservas cambiais brasileiras, hoje em US$ 38 bilhões pelo conceito de liquidez internacional (recursos disponíves e aplicados).
Não será permitida a abertura de contas correntes em dólar e ficam mantidas as atuais regras para compra de moeda estrangeira. Ou seja, não haverá livre conversibilidade do real.
Ricupero afirmou que o real só terá como garantia as reservas cambiais, compostas por moedas estrangeiras e ouro. Não haverá garantia com base em ações de empresas estatais.
Ontem, Ricupero apresentou novas cédulas do real já com a inscrição "Deus Seja Louvado". "É com grande satisfação que invocamos a proteção de Deus para esta nova moeda", afirmou ele, um católico praticante.
A expressão não havia sido colocada nos primeiros lotes de real. Ricupero fez questão de mostrar aos jornalistas e fotógrafos as cédulas com a inscrição.
O governo envia ainda este mês uma MP (medida provisória) ao Congresso com as regras para emissão do real. Segundo o ministro, os limites de emissão serão definidos nos próximos dias.
Ricupero afirmou que o governo não vai aproveitar a implantação para unificar o câmbio. A estratégia do governo é unificar o câmbio através da atuação do BC nos mercados flutuantes e comercial.
A estrutura administrativa do BC deve sofrer alterações para tornar transparente a relação entre a emissão do real e a parte das reservas que vão servir de garantia. A idéia é criar uma nova diretoria ou um novo departamento.
Poupança
O governo vai estimular aplicações financeiras e a caderneta de poupança em especial após a implantação do real, previsto para 1º de julho. A informação foi dada ontem pelo ministro da Fazenda, Rubens Ricupero.
"Estamos estudando medidas de alívio da tributação e incentivos", afirmou Ricupero. Ele disse que as medidas ainda não foram concluídas e por isso não poderia divulgá-las.
A Folha apurou que o governo deve reduzir ou isentar do IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentações Financeiras) as cadernetas de poupança para evitar saques nas contas.
Atualmente, as cadernetas de poupança com rendimentos mensais são tributadas em 0,25% nos saques.
A preocupação principal entre as aplicações financeira é com a caderneta de poupança. Isto porque os saques podem aumentar a partir de julho com uma eventual queda da inflação.
Com a redução da inflação prevista com a chegada do real, a poupança deixará de pagar rendimentos de até 45%, como ocorre hoje.
Seria o fim da chamada "ilusão monetária".
Para incentivar a poupança financeira em geral, estuda-se também a redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), incidente em várias aplicações.
Ricupero afirmou que as medidas devem ser divulgadas até o final do mês. A equipe econômica deverá discuti-las nas reuniões previstas para hoje e amanhã.

Texto Anterior: Exotismo
Próximo Texto: MP antitruste está pronta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.