São Paulo, sábado, 4 de junho de 1994 |
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Plano quase O compromisso com a transparência e a negociação tem marcado o Plano Real desde a sua origem. À medida que se aproxima o Dia D, entretanto, a demora na definição de algumas regras de transição à nova moeda pode significar maiores dificuldades mais adiante. Passou por exemplo o primeiro de junho sem que o ministro Ricupero tenha esclarecido, como prometera, o conteúdo mais concreto das medidas que darão vida à nova moeda. Insistiu em informações que, por sua própria voz, tornara públicas nas últimas semanas. Que o câmbio será fixo por tempo indeterminado, sem conversibilidade, que parte dos dólares do Banco Central servirá como lastro do real. Nada sobre temas mais inquietantes, como a regra de aluguéis ou as regras tributárias que incidirão sobre aplicações, além da promessa de aliviar a poupança do IPMF. No mesmo tom de procrastinação e a pretexto de procurar ao máximo a negociação, o presidente Itamar Franco adiou a definição de regras para as mensalidades escolares para a próxima semana. Ocorre que tal negociação deveria ter sido resolvida a contento antes mesmo de a MP ir a consideração presidencial. Ao reclamar o próprio presidente a reabertura das negociações, como aliás já ocorreu com os aluguéis, ficam desqualificados os próprios assessores que, a rigor, estavam incumbidos de negociar. Parece marketing do presidente que, de novo, torna ainda mais acidentada a política econômica. Enquanto isso, nem mesmo os institutos de pesquisa de preços conseguem definir como calcularão, por exemplo, aluguéis ao longo de junho. Se o governo não definir as regras com a devida antecedência, os reajustes incorporados aos aluguéis poderão contaminar a inflação futura, em reais. O resultado é que o plano está quase pronto. Nesse "quase", entretanto, pode faltar o suficiente para que os resultados também sejam, depois, apenas um quase-sucesso. Próximo Texto: Privatizar é a solução Índice |
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