São Paulo, sábado, 4 de junho de 1994
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Paciente do Sírio Libanês; Debate na Folha; Sexo pelo telefone; O mulato; Mulheres no poder; Censura a Simão; O óbito da revisão

Paciente do Sírio Libanês
"Como diretor-clínico do Hospital Sírio Libanês há muitos anos e leitor assíduo da Folha, estranhei a crônica 'Criaturinha de Deus coloca os pingos nos is', publicada no dia 01/06, no caderno São Paulo, sob a responsabilidade de Bárbara Gancia. Nela, a colunista diz que uma paciente, sua comadre, `acaba de comer o pão que o diabo amassou' com sua internação em uma cama do Hospital Sírio Libanês, acometida por uma `misteriosa infecção dos nervos'. `Só que não descobriram o que há de errado com ela e o que fazer para restabelecer sua saúde'. A autora faz referências desairosas ao hospital e ao neurologista sem se preocupar em obter do nosocômio as informações necessárias. A bem da verdade, sinto-me na obrigação de informar que: 1) a paciente internou-se de 6 a 27 de maio, optando por uma suíte, o aposento mais caro do hospital; 2) o diagnóstico da afecção que acometeu a paciente foi corretamente realizado com o auxílio de equipamentos de vanguarda, bem como o tratamento adequado, sob a orientação de neurologistas altamente conceituados e respeitados na comunidade médica; 3) a paciente está se recuperando muito bem e continua assistida pela mesma equipe; 4) quanto aos honorários médicos, vale a pena lembrar que são da competência exclusiva da relação médico-paciente."
Daher Elias Cutait, diretor-clínico do Hospital Sírio Libanês (São Paulo, SP)

Debate na Folha
"Agradeço a iniciativa da Folha em ter realizado o debate, no sábado, dia 28, a respeito da questão salarial das universidades públicas paulistas. Tenho certeza de que essa iniciativa, além de ajudar a esclarecer a sociedade, foi positiva no sentido de contribuir para um encaminhamento favorável na solução do impasse nas negociações entre as reitorias e as entidades sindicais."
Arthur Roquete de Macedo, reitor da Unesp –Universidade Estadual Paulista (São Paulo, SP)

Sexo pelo telefone
"Em vista da publicação de editorial intitulado `Pelo telefone', a diretoria da Telesp gostaria de esclarecer e enfatizar algumas questões relativas à desativação do serviço 900 erótico. A decisão teve caráter estritamente empresarial, tendo em vista os seguintes pontos: 1) observou-se queda de receita de outros serviços 900, motivada pelo imenso volume de reclamações acerca do tele-sexo; 2) Constatou-se a possibilidade de compensação da perda da receita correspondente ao serviço desativado por outros com faturamento equivalente ou superior, através de adequada promoção publicitária dos mesmos; 3) Constatou-se a impossibilidade técnica de bloqueio de chamadas para uma planta de 4 milhões de terminais em todo o Estado; 5) Buscou-se a preservação da imagem da Telesp como concessionária de serviço público, levando-se em conta as repercussões na esfera judicial e nos meios de comunicação de cobrança de contas consideradas abusivas por nossos clientes, em escala expressiva e crescente. Por fim, a Telesp deseja ressaltar que não está envolvida ou influenciada por qualquer campanha de conteúdo moralista, pois cabe à sociedade e ao Estado regular democraticamente a forma e o conteúdo do que é veiculado através dos meios de comunicação."
Carlos Roberto Inaba, divisão de imprensa da diretoria da Telesp (São Paulo, SP)

O mulato

'A Casa de Cultura da Mulher Negra repudia as declarações do candidato Fernando Henrique Cardoso de que é 'mulatinho' e tem `um pé na cozinha', expressões essas que alimentam estereótipos negativos sobre a raça negra. O lugar da raça negra é nos ministérios, no Congresso, legislando e dirigindo este país, não na cozinha."
Alzira Rufino, diretora da Casa de Cultura da Mulher Negra (Santos, SP)
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"O mulato é o resultado vitorioso da ação de brancos e negros contra o preconceito racial. Num futuro breve, representará ele a maioria esmagadora da população brasileira, para desgosto dos racistas. Ary Barroso, em sua inesquecível música `Aquarela do Brasil', já chamava o Brasil de 'meu mulato'."
Rivaldo Otero (Santos, SP)

Mulheres no poder
"Reporto-me ao artigo publicado pela Folha dia 01/06, sob o título `A anti-revolução sexual', para discordar da opinião do jornalista Josias de Souza e expressar a minha. A dona-de-casa, por mais humilde e analfabeta que seja, tem consciência e sabe administrar seu lar. Pela capacidade, hombridade e trabalho, uma dona-de-casa poderia, sim, governar este país."
Isabel Cristina Heil (São José dos Campos, SP)

Censura a Simão
"Com todo o respeito, acho que José Simão foi enganado e levado a cometer uma grande injustiça com o `Correio da Bahia'. Se bem-informado, estou certo que não cometeria essa indelicadeza, que nos obrigou a publicar, na edição de 01/06, junto à coluna, uma pequena nota de redação para dizer o óbvio aos nossos leitores. Ou seja, que há um ano e dois meses a coluna de Simão enriquece o nosso segundo caderno e que somente em duas oportunidades, ao longo desse período, ela não foi publicada porque o espaço foi vendido para a edição de material publicitário. Não é preciso dizer que antes de contratarmos, junto à Folha, a coluna de Simão para publicação simultânea, nós conhecíamos bem o seu estilo e os temas que costuma abordar. Por que, então, decidimos comprar? Para censurar? Devo informar, também, que publicamos outras colunas, como `Swann', `Informe JB', `Panorama Econômico' e `Coluna do Castello'. Nem sempre concordamos com os comentários, mas nunca fomos acusados de censores. Suponho que essa informação tenha partido de fontes ligadas ao nosso concorrente, a `Tribuna da Bahia', que outro dia censurou (e divulgamos o fato) a coluna do jornalista Gilberto Dimenstein porque ele fez uma referência a ACM que julgaram elogiosa. Lamento que o jornalista tenha se deixado envolver numa briga política provinciana."
Demóstenes Teixeira, editor-executivo do `Correio da Bahia' (Salvador, BA)

Resposta do jornalista José Simão – Que coincidência! O "Correio da Bahia" deixa de publicar minha coluna alegando venda do espaço para material publicitário –justo no dia 20/04, quando me refiro ao dono do jornal no título "ACM parece o Chacrinha do PFL". Quer melhor material publicitário que esse?! Coincidência, censura, material publicitário, a falta de respeito é a mesma. Tomei conhecimento do fato através de inúmeras mensagens de fax e recados de leitores baianos na minha secretária eletrônica. Eu confio no leitor! E lamento que o ACM tenha perdido uma das mais interessantes características de sua personalidade (e a que sempre admirei): o bom humor!

O óbito da revisão
"Embora otimista por vocação, esperançosa por opção e fiel a princípios por formação, sou cúmplice de Hanoteaux quando ele diz `A maior dor para um povo livre e sensível é o contraste entre as esperanças e os resultados'. É o que acontece com o meu Brasil devido ao total desinteresse do Congresso em relação à revisão constitucional (salvo as exceções). A revisão está morta... Como nada mais posso fazer, a não ser usar meu voto como escudo nas próximas eleições, permito-me o direito de assinar o atestado de óbito da revisão constitucional. Causa mortis: insuficiência cívica. Doenças: incompetência, falta de respeito, omissão, ausência de brio, negligência crônica."
Iracema Alves Lazari (São Paulo, SP)

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